Mais de um século após sua introdução pelo governo dos Estados Unidos no Lago Roosevelt, peixes-búfalos ainda surpreendem cientistas e pescadores com sua impressionante longevidade. Um recente estudo publicado na renomada revista Scientific Reports revela que alguns indivíduos da espécie, encontrados na região desértica do Arizona, podem ser descendentes diretos da população original, desafiando o conhecimento prévio sobre a expectativa de vida destes animais.
A pesquisa liderada por Alec Lackmann, um notável especialista em envelhecimento animal, indica que o gênero Ictiobus, que inclui três espécies – o búfalo de boca grande, o búfalo de boca pequena e o búfalo preto – possui indivíduos vivendo bem além dos 25 anos previamente estimados. Em estudo anterior de 2019, Lackmann já havia surpreendido a comunidade científica ao apontar a possibilidade desses peixes ultrapassarem o marco de 100 anos.
A técnica revolucionária adotada por Lackmann envolve a análise de otólitos, estruturas calcificadas no ouvido interno dos peixes que registram o crescimento anual semelhante aos anéis de crescimento de árvores. Essa metodologia proporciona uma precisão sem precedentes na determinação da idade desses peixes, que, de acordo com a pesquisa, têm representantes que remontam a 1920, residindo nas águas do Lago Roosevelt desde então.
Para a surpresa da equipe de pesquisa, a investigação revelou que as três espécies de Ictiobus examinadas superaram a marca centenária. O estudo não apenas joga luz sobre a notável resistência e adaptação destes peixes em um habitat desértico inesperado, mas também abre caminho para futuras pesquisas relacionadas ao envelhecimento e senescência, com implicações potenciais para a biologia da longevidade em outras espécies, inclusive humanos.
Com estes achados, Lackmann e sua equipe esperam desenterrar um verdadeiro “tesouro de informações” sobre os segredos da vida prolongada, trazendo novas possibilidades para o campo da gerontologia e a ciência em geral.
Pesquisadores investigam segredos de longevidade de peixes no Arizona
Após a descoberta surpreendente de que peixes-búfalos podem viver mais de um século, pesquisadores liderados por Alec Lackmann se voltam agora para uma questão ainda mais intrigante: o segredo por trás da notável longevidade desses animais. O foco atual da equipe é desvendar os mistérios genéticos e fisiológicos que podem explicar sua ‘fonte da juventude’.
Lackmann expressa entusiasmo sobre as perspectivas que o estudo abre. “Estamos às portas de um futuro promissor na gerontologia”, declara ele, referindo-se à possibilidade de uma compreensão ampliada sobre o envelhecimento dos vertebrados que pode, por extensão, beneficiar o entendimento do processo em seres humanos.
A pesquisa agora entra em uma fase crítica, com o objetivo de monitorar as espécies em questão para uma análise aprofundada de seu DNA e fisiologia, bem como sua capacidade de resistir a infecções e doenças ao longo das diferentes fases de sua vida. A equipe planeja executar um estudo comparativo que correlacione esses fatores com a idade dos indivíduos.
“O gênero Ictiobus pode ser extremamente valioso para a gerontologia”, afirma Lackmann, reconhecendo o potencial dos resultados para revolucionar a ciência do envelhecimento. Além disso, ele vê o Lago Apache como um possível epicentro para uma variedade de pesquisas científicas futuras, dada a singularidade do ecossistema e os recentes achados.
Os avanços neste campo não só aumentariam a compreensão sobre a biologia de espécies longevas, mas poderiam também levar a avanços na medicina humana, possivelmente influenciando o desenvolvimento de novas terapias para estender a saúde e a longevidade humanas.
*Com informações GIZ_BR
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