Em uma série de anúncios ambiciosos para o estado de Rondônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou na última sexta-feira (11) o investimento de R$ 29,6 bilhões pelo Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No entanto, uma obra fundamental para a região ficou de fora: a situação da BR-319.
O anúncio do novo pacote de obras inclui projetos significativos, como a construção de uma ponte conectando o Brasil à Bolívia. Entretanto, a BR-319, uma rodovia crucial para o estado e a região, ainda permanece sem um caminho definido.
Uma semana antes do anúncio, o presidente visitou vários municípios do Norte. Em entrevista concedida a emissoras de rádio locais, ele foi questionado sobre a possível inclusão das obras da BR-319 no PAC. O presidente explicou que a Casa Civil está conduzindo estudos sobre a situação. “Decidimos construir um grupo especial para dar a palavra definitiva”, afirmou.
Durante o lançamento do PAC, o governador de Rondônia, Coronel Marcos Rocha, do partido União Brasil, reafirmou o compromisso do governo federal de prosseguir com as obras da rodovia. Entretanto, ele destacou a busca da Casa Civil por alternativas para sua reestruturação, considerando as preocupações ambientais.
O Amazonas é atualmente o terceiro estado que mais desmata no Brasil, uma situação que, segundo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pode ser agravada pela rodovia. Em contrapartida, em uma visita recente a Rondônia, o Ministro dos Transportes, Renan Filho, garantiu que a BR-319 será reconstruída levando em conta critérios de sustentabilidade.
O presidente Lula, em sua entrevista às rádios, também enfatizou a possibilidade de realizar as obras com intensa fiscalização. Ele sugeriu o uso das Forças Armadas para supervisionar o trecho da estrada e proteger a floresta contra possíveis ameaças. “O que nós precisamos é dar garantias à sociedade do que vamos fazer”, concluiu.
A BR-319: Uma Via Esquecida no Coração da Amazônia
Uma ferida aberta no mapa da Amazônia. Assim pode ser descrita a BR-319, rodovia que liga os estados do Amazonas e Roraima a Rondônia e, consequentemente, ao restante do país. Um símbolo da falha logística da região Norte, que, embora estrategicamente essencial, permanece largamente negligenciada.
Concebida na década de 1970 e inaugurada em 1976, a rodovia foi saudada como um marco do desenvolvimento e integração nacional. Entretanto, décadas depois, o que se vê é um quadro bem distante do prometido. Com mais de 800 quilômetros de extensão, a via tem apenas pequenos segmentos asfaltados, principalmente aqueles mais próximos às capitais. O restante? Um amálgama de lama, buracos e trechos quase intransitáveis, especialmente em períodos de chuva.
Não se trata apenas de um problema logístico. As condições precárias da BR-319 refletem o desafio de promover desenvolvimento sem comprometer a preservação ambiental. Enquanto discussões acerca de sua reforma são constantemente adiadas por preocupações ecológicas, moradores locais e economias dependentes da rodovia sofrem com o isolamento.
Diante dos recentes debates sobre a inclusão (ou exclusão) da rodovia no PAC, emerge a questão: até quando a BR-319 permanecerá sendo um emblema da omissão estatal na região? E, acima de tudo, como equilibrar as necessidades urgentes de infraestrutura com a indispensável missão de proteger o ecossistema amazônico?
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