O aumento do nível do mar representa riscos “impensáveis” para bilhões de pessoas ao redor do mundo, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante o primeiro debate do Conselho de Segurança sobre as implicações globais da elevação dos mares.
Segundo o líder português, isso pode ter implicações profundas para o próprio tecido das sociedades, causando um êxodo de “proporções bíblicas” em diversos países costeiros.
“O impacto da subida dos mares já está criando novas fontes de instabilidade e conflito. Testemunharemos um êxodo em massa de populações inteiras em escala bíblica e veremos uma competição cada vez mais acirrada por água doce, terra e outros recursos”, afirmou Guterres. Ele lembrou que diversas megacidades em todo o mundo estão ameaçadas com a elevação do nível do mar, desde Londres (Reino Unido), Nova York (EUA) e Buenos Aires (Argentina) até Lagos (Nigéria), Bangkok (Tailândia) e Xangai (China).
“O perigo é especialmente agudo para quase 900 milhões de pessoas que vivem em zonas costeiras em altitudes baixas – uma em cada dez pessoas na Terra. Alguns litorais já viram triplicar a taxa média de aumento do nível do mar”, disse o chefe da ONU.
Para enfrentar esse problema, Guterres indicou a necessidade de ações imediatas em três áreas. Primeiro, a contenção do aquecimento global em 1,5ºC neste século em relação aos níveis pré-industriais. Segundo, a ampliação da compreensão sobre as causas profundas da insegurança, abordando aspectos como pobreza, desigualdade e desastres naturais.
Por fim, uma revisão dos aspectos legais e de Direitos Humanos para abarcar a nova realidade imposta pela crise climática no que diz respeito a territórios terrestres e marinhos – inclusive a questão dos refugiados climáticos.
“Trata-se de pôr em prática soluções jurídicas e práticas inovadoras para fazer face aos impactos da subida do nível do mar no deslocamento forçado de populações e na própria existência do território terrestre de alguns países”, completou Guterres. “Os Direitos Humanos das pessoas não desaparecem quando suas casas desaparecem”.
Al-Jazeera, Associated Press, Guardian e Washington Post repercutiram o alerta de Guterres. A notícia também saiu no Estadão, Folha e O Globo aqui no Brasil.
Texto publicado em CLIMA INFO
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