Os meteorologistas sabiam que as chuvas do último final de semana no litoral norte de São Paulo seriam bastante intensas, mas não com a potência observada. O evento mostrou que, em plena mudança climática ou crise climática, é preciso rever certos métodos da meteorologia.
“As previsões foram certas em termos de ter chuva abundante, mas subestimaram o que choveu, mais ou menos como o que aconteceu em Petrópolis (RJ) em fevereiro de 2022”, destacou José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), ao jornalista Carlos Madeiro no UOL. “Falavam em 200 milímetros em 24 horas. O que choveu foi bem mais que isso, mais de 600 mm em São Sebastião (SP).”
Uma explicação é o uso de referenciais históricos. Eles são base dos modelos utilizados para realizar as previsões, complementados com informações atuais.
No entanto, eventos climáticos mais extremos foram historicamente mais raros do que a mudança climática impõem no presente e no futuro.
“Esses modelos são alimentados com as [variações] normais climatológicas, que são as médias de vários parâmetros – chuva e tempestade, por exemplo – e computadas por muito tempo. Só que essas médias normais não valem mais. O passado não serve mais de guia, porque nada mais é constante”, explicou Claudio Angelo, do Observatório do Clima.
Como a mudança climática é global, isso significa que o trabalho da meteorologia em todo o planeta fica mais complicado para prever situações fora da (antiga) normalidade. Não à toa, situações similares à de São Sebastião, com perdas humanas e materiais significativas, também foram registradas nos últimos anos na Alemanha, na Bélgica e na China, áreas onde temporais costumavam ser mais raros
.“O aquecimento do oceano em regiões tropicais como o Brasil vem empurrando os temporais para latitudes mais altas, como Estados Unidos, Europa e Ásia”, escreveu Ernesto Neves na VEJA. “O problema agora é saber em que medida as mudanças climáticas afetam o padrão de tempestades. Segundo a NASA, é como analisar o desempenho de um atleta sob efeito de esteróides”.
Texto publicado por CLIMA INFO
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