Em reunião ministerial na última sexta (6), o Presidente fez declaração ressaltando a importância da preservação ambiental; novo chefe no Ministério da Agricultura do governo Lula tem boa ligação com o agronegócio e também um histórico controverso perante questões ambientais.
O presidente Luiz Inácio da Silva (PT) conduziu a primeira reunião ministerial de seu governo na última sexta-feira (06). Durante a fala de abertura dos trabalhos ministeriais, o mandatário deu ênfase à relação entre o meio ambiente e o setor do agronegócio, exaltando a escolha de Carlos Fávaro (PSD-MT) para o comando do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
“Eu fico muito feliz quando vejo um homem do agronegócio como ministro da Agricultura, como o companheiro Fávaro. Eu penso que o Fávaro é a perspectiva que nós temos de fazer com que as pessoas sérias, os homens de negócio do agronegócio, os homens de negócios que sabem a responsabilidade da produção de alimentos neste país, que sabem a necessidade da produção sem precisar ofender ou adentrar à floresta amazônica ou qualquer outro bioma que tem que ser protegido”, afirmou.
“Esse empresário que produz de forma responsável será por nós muito respeitado e muito bem tratado. Agora aqueles que quiserem teimar em continuar desrespeitando a lei, invadindo o que não pode ser invadido, usando agrotóxico que não pode ser usado, este a força da lei imperará sobre ele. Nós vamos exigir que a lei seja cumprida porque neste país, tudo vale – a única coisa que não vale é o cidadão bandido achar que pode desrespeitar a boa vontade da sociedade brasileira, a nossa Constituição e a nossa legislação ”, completou.
Controvérsias
O ex-senador Carlos Fávaro foi coordenador da campanha de Lula no Mato Grosso. Representante dos grandes produtores de soja do estado, atuou como relator favorável do Projeto de Lei nº 510/2021, conhecido como PL da Grilagem, que aguarda votação em plenário.
Mais recentemente, no último mês de novembro, Fávaro defendeu na Comissão de Agricultura do Senado (CRA) o avanço da tramitação do PL 1459/2022, conhecido como PL do Veneno, que trata de alterações na regulação do uso de agrotóxicos no país e conta com forte crítica por parte de cientistas e ambientalistas.
Após intervenção da equipe de transição de Lula, com destaque para o GT (Grupo de Trabalho) de Meio Ambiente, a pauta chegou a ser paralisada, mas nas últimas semanas do governo de Jair Bolsonaro (PL) – que era favorável ao projeto – o texto foi aprovado pela CRA e, neste momento, também aguarda votação em plenário.
A exaltação a Fávaro na fala de abertura da primeira reunião ministerial do governo dá continuidade à postura escolhida por Lula já durante a campanha eleitoral quando o então candidato precisou se explicar sobre fala proferida em sabatina no Jornal Nacional, quando afirmou que existem empresários fascistas no setor do agronegócio.
“Se tem uma coisa que meu governo fez bem foi cuidar do agronegócio, desde quando eu estava no governo até o governo da Dilma. Agora, tem gente que tem sim discurso fascista. Tem empresário que quer desmatar de qualquer jeito. E tem empresário preocupado em fazer uma agricultura de baixo carbono”, explicou Lula em entrevista ao Canal Rural após o ocorrido, no último mês de setembro.
Segundo levantamento realizado por ((o))eco, infratores ambientais na Amazônia Legal financiaram mais de 30 políticos eleitos em 14 estados, grande parte deles ligados ao setor do agronegócio. O dossiê Brasil em chamas: o poder político no rastro dos incêndios, publicado pela organização Agro É Fogo utilizou dados Instututo Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) além de análises de campo para concluir que a a devastação provocada por incêdios nos biomas brasileiros está atrelada a contextos ligados à expansão do agronegócio como invasões, desmatamento ilegal e grilagem.
Costura política
Lula também fez questão de esclarecer a importância das habilidades políticas dos novos ministros, além de suas capacidades técnicas, e convocou diretamente os chefes das 37 pastas a oferecerem atenção e escuta às demandas apresentadas pelos parlamentares.
“Muitos de vocês são resultado de acordos políticos, porque não adianta a gente ter o governo mais tecnicamente formado em Harvard [prestigiada universidade americana, considerada uma das melhores do mundo] possível e não ter um voto na Câmara dos Deputados, e não ter um voto no Senado. É preciso que a gente saiba que é o Congresso que nos ajuda. Nós não mandamos no Congresso, é preciso que cada um de vocês entenda que é preciso atender bem cada deputado, cada deputada, cada senador e cada senadora que nos buscar”, solicitou o presidente, que prometeu ser ativo nos processos de articulação.
Lula não fez citação direta em sua fala de abertura da primeira reunião ministerial nem ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) nem à ministra responsável pela pasta, Marina Silva (Rede-SP).
Em entrevista coletiva após a reunião, no início da tarde, o Ministro da Casa Civil Rui Costa afirmou que a partir de terça-feira (10) Lula se reunirá com cada um dos ministros para determinar quais deverão ser as prioridades de entregas para os primeiros cem dias de governo.
O processo de elencar as ações prioritárias deverá ser finalizado em até duas semanas e correrá sob coordenação da Casa Civil. Segundo o ministro, a palavra mais usada durante a reunião, na qual todos os ministros foram escutados, foi a transversalidade.
Fonte: O Eco
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