Um levantamento da coalizão KBPO revelou um recorde de 2.456 lobistas do petróleo na COP28, superando 98% das delegações nacionais e levantando preocupações sobre a influência da indústria nos debates climáticos.
Um estudo conduzido por uma coalizão internacional dedicada à erradicação dos combustíveis fósseis revelou que a edição deste ano da Conferência do Clima da ONU registrou um número sem precedentes de lobistas do petróleo: 2.456 participantes.
Este número supera o de 98% das delegações nacionais presentes. Apenas os Emirados Árabes Unidos, país-sede, com 4.409 participantes, e o Brasil, futuro anfitrião da COP de 2025 com 3.081 delegados, têm representações maiores.
Análise da Coalizão KBPO
A análise foi realizada pela coalizão Kick Big Polluters Out (KBPO), que consiste em aproximadamente 450 organizações globais.
“Este aumento coincide com uma COP onde os combustíveis fósseis e sua eliminação progressiva são um ponto focal. Também eleva o apelo crescente dos países do sul global, dos membros da ONU e da sociedade civil em geral para expulsar poluidores das negociações”, declarou a coalizão.
Dados reveladores do relatório
O relatório destacou informações críticas:
- Os lobistas de petróleo receberam mais credenciais para a COP28 do que a soma total dos delegados dos dez países mais vulneráveis (1.509 pessoas). Isso evidencia como a influência da indústria petrolífera prevalece sobre os mais afetados pelas mudanças climáticas.
- A maioria dos lobistas provém do Norte Global, principalmente através de associações do setor, como a International Emissions Trade Association (IETA), que incluiu 116 membros, contando com representantes de grandes empresas emissoras como Shell, TotalEnergies e Equinor.
- O número de lobistas do petróleo é sete vezes maior que o de representantes indígenas oficiais.
- França e União Europeia incluíram em suas delegações oficiais representantes de grandes empresas poluidoras como TotalEnergies e ExxonMobil.
Nos anos anteriores, o número de lobistas do petróleo era significativamente menor: 636 na COP 27 e 503 na COP 26, realizada em Glasgow.
Organizações ao redor do mundo comentaram os achados. Alexia Leclercq, da Star:Empowerment, criticou fortemente a presença de lobistas de grandes corporações como Shell, Chevron e ExxonMobil, questionando a legitimidade de suas intenções e acusando-os de impedir avanços significativos em políticas climáticas.
Com informações d’O Eco
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