A lixeira doméstica super tecnológica, além de evitar a poluição de gases provenientes da decomposição de resíduos em aterros, ainda tem o potencial de reduzir a necessidade de cultivos para alimentação animal. Neste caso, seria uma forma de poupar o solo, o gasto de água, entre outros recursos.
Cada brasileiro gera, em média, quase um quilo de lixo por dia, segundo levantamento do Selurb (Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana). Boa parte desses resíduos são orgânicos que poderiam ser melhor aproveitados se o tratamento do lixo doméstico fosse a regra. Além das composteiras tradicionais, que transformam resíduos em adubos, têm surgido soluções compactas e práticas no mercado, sendo o caso de uma lixeira doméstica, desenvolvida nos Estados Unidos, que transforma sobras de comida em ração agrícola.
Criada pela startup norte-americana Mill, a lixeira aquece lentamente os resíduos que ali são depositados, misturando-os em um ciclo de baixa potência para desidratar e encolher o montante. Desta forma, os nutrientes são preservados e podem ser transformados em ração para galinhas.
A lixeira imita a aparência de uma lata de lixo comum, com pedal e tampa, exceto pelo fato de se conectar a uma tomada elétrica. No recipiente, podem ser depositados sobras como frutas, vegetais, laticínios, ovos, carne e até frango.
Ainda que a lixeira não seja usada para tal fim, seu potencial benéfico para a gestão de lixo ainda precisa ser reconhecido pelo fato do volume da produção de lixo ser reduzido eficientemente.
Como funciona
A Mill está apostando em um modelo de gestão de lixo por assinatura. Quem adquire a lixeira, realiza o processo de compactação dos resíduos e envia o material resultante de volta. Ou seja, o processo de fabricação de ração é feito pela própria empresa.
A lixeira doméstica super tecnológica, além de evitar a poluição de gases provenientes da decomposição de resíduos em aterros, ainda tem o potencial de reduzir a necessidade de cultivos para alimentação animal – obviamente, se adotada em larga escala. Neste caso, seria uma forma de poupar o solo, o gasto de água, entre outros recursos.
“Transformar [restos de comida] em ração para galinhas vai meio que colocá-los de volta no sistema alimentar, e assim você está criando um produto de alto valor. O composto é adorável, mas você sabe, é um produto de baixo valor”, disse Brian Roe, professor do Departamento de Economia Agrícola, Ambiental e de Desenvolvimento da Ohio State University, ao site The Verge. “Isso remonta a tempos imemoriais, famílias usando restos para alimentar o gado em casa”.
Desperdício de alimentos
O desperdício de alimentos é um problema global. A ONU estima que cerca de um terço da produção mundial de alimentos é perdida ou desperdiçada, o que equivale a cerca de 1,3 bilhão de toneladas por ano. A maior parte não tem tratamento adequado e, portanto, é encaminhado para aterros sanitários, onde acaba por produzir metano, um gás de efeito estufa 80 vezes mais potente que o dióxido de carbono quando entra na atmosfera.
A Mill avalia que o processo da realizado pela lixeira juntamente à produção de ração pode evitar meia tonelada de emissões de gases de efeito estufa, anualmente, por família. Para gerar tal impacto positivo, no entanto, o custo da associação é de 33 dólares por mês (na assinatura anual) ou 45 dólares no pagamento mensal. Os valores cobrem o custo da lixeira, filtros de carvão (que ajudam a eliminar odores), o transporte dos alimentos e um aplicativo para rastrear seu impacto. O serviço, ao menos por enquanto, está disponível somente nos EUA.
Fonte: CicloVivo
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