A depender de blocos econômicos de países ricos, que estão adotando diretrizes comerciais que podem proteger a espécies da fauna e flora silvestres ameaçadas de extinção e assegurar a biodiversidade na Amazônia, os Ipês, belos e majestosos, terão vida longa.
Quase todo o Ipê – algo em torno de 98% – legalmente extraído vem de planos de manejo e o restante de cortes autorizados. Ao mesmo tempo, por ter alto valor comercial sua extração ilegal financia outros ilícitos nas grandes frentes de desmate criminoso na Amazônia, como a região entre o Amazonas, Acre e Rondônia.
Trata-se de uma árvore que floresce entre junho e novembro, começando pela cor roxa e rosa, depois o amarelo e por último o branco. Elas caem no decorrer de uma semana, cobrindo o chão com a sua cor.
Por isso, botanicamente, os Ipês da Amazônia são classificados como caducifólias – ou seja, perde todas as folhas que são substituídas por cachos de flores de cores intensas. São árvores de grande porte que gostam de calor e sol pleno.
Novas regras da União Europeia e dos Estados Unidos passarão a exigir, por causa das ilegalidades, provas detalhadas de empresas exportadoras de que suas cadeias de fornecimento não destroem ou degradam florestas e que respeitam os direitos dos povos indígenas, de quilombolas e outras comunidades tradicionais. Paralelo a isso, o Brasil precisa adotar mais regulações socioambientais para manter esses mercados, recomendam as regras.
As medidas afetam produtos brasileiros como gado, café, madeira, cacau, borracha, soja e derivados. Já o comércio de ipê e do cumaru foi mais controlado pela Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Silvestres Ameaçadas de Extinção (Cites).
Para as duas árvores típicas da floresta equatorial, as restrições valem a partir do fim de 2024. Há expectativa que isso mantenha estoques e beneficie a biodiversidade da Amazônia, destaca Marco Lentini, coordenador de Projetos da ong Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).
“Devemos seguir o princípio da precaução e ter um cuidado maior na exploração dessas espécies [listadas na Cites], deixando uma quantidade maior de árvores porta-sementes nas áreas de manejo para assegurar a conservação de toda a floresta”, explica o engenheiro florestal.
As porta-sementes são árvores adultas que devem ser mantidas para que ocorra a renovação dos estoques comerciais em áreas onde o poder público autorizou sua remoção gradual para produzir madeiras. Todos os ipês manejados vêm de áreas naturais de floresta, não há plantios.
Mas, assegurar que extração e comércio sejam realmente sustentáveis exige que o país avance em rastreabilidade e outras verificações em cadeias produtivas com inúmeras empresas, diz Benno Pokorny, diretor da Área de Bioeconomia no Brasil da GIZ, a Agência Alemã de Cooperação Internacional.
“Essa produção traz benefícios econômicos e sociais, mas também impactos como desmate e degradação florestal, poluição, marginalização social perto de áreas produtivas e destruição de culturas. É um custo muito alto para as gerações atual e futura”, ressalta o especialista.
“Quem ainda vende madeiras vindas de desmatamento ilegal sabe que há mercado pois conta com a incapacidade brasileira de atestar a origem dos produtos. Ninguém desmata por paisagismo”, ressalta Raoni Rajão, diretor de Controle do Desmatamento e Queimadas do Ministério do Meio Ambiente.
Planos de manejo federais para extração de madeiras somam hoje quase 1,3 milhão de hectares. Outro milhão de hectares pode ser aprovado até o fim deste ano. Quase todos estão na floresta equatorial e têm como alvo principal a exportação. Estados também licenciam a produção de madeira.
Sistemas de rastreabilidade eletrônica do governo federal já mapeiam do corte ao comércio de madeiras e tem custo de aproximadamente R$ 1 por hectare, conta o gerente-executivo de Monitoramento e Auditoria do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), José Humberto Chaves.
“É um custo bem baixo para manter esse mecanismo diante da média de 15 metros cúbicos de madeira hoje extraídos por hectare concedido. A rastreabilidade é fundamental para a sobrevivência do setor produtivo que quiser manter mercados internacionais”, destaca.
O Imaflora e um estudo publicado em 2021 na revista Forest Ecology and Management estimam, respectivamente, que de 18 milhões de hectares a 35 milhões de hectares podem ser manejados no país. Isso estimularia ainda mais economias não destruidoras da floresta.
Há tecnologias, certificações e experimentos para ampliar o rastreamento de madeiras encabeçadas por organizações não governamentais, governos e empresas, usando bancos de DNA ou infravermelho, inclusive portáteis e usados pela fiscalização ambiental.
Todavia, jogar mais controle e transparência no setor madeireiro pode ter outros efeitos colaterais. Ao mesmo tempo em que aumentará a exposição de quem insiste na ilegalidade para lucrar e ajudará na gestão das cadeias produtivas, pode afastar quem não tem maior capacidade de investir.
Além disso, trabalho escravo e outras ilegalidades não são flagrados pelo rastreio atual da produção madeireira. “Nem tudo é tecnologia. As novas exigências [comerciais] trazem fatores além do desmate que são mais complicados de identificar”, aponta Luciana Papp, da ong Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
Os Ipês da Amazônia são árvores típicas, árvores da floresta tropical é a denominação de uma grande variedade de espécies do gênero Tabebuia e Handroanthus, sinônimos e ambos da família Bignoniaceae. É muito conhecido por sua beleza, exuberância das flores e ampla distribuição em todas as regiões do Brasil.
Atualmente, o pau-Brasil é a árvore nacional e o Ipê é considerado a flor nacional. Suas flores possuem forma de funil, como se fossem uma cornetinha, podem ser elas amarelas, roxas, rosas, brancas e até verdes..
O nome Ipê origina-se da língua indígena tupi e significa casca dura. O mesmo também é conhecido como pau d’arco, porque antigamente os índios utilizavam a madeira dessas árvores para fazerem os seus arcos de caça e defesa. Ou seja, há muito tempo o ipê é utilizado como matéria-prima em razão da boa qualidade da madeira, tendo como características principais:
-Muito densa e forte;
-Pesada e dura, difícil de serrar;
-Grande durabilidade mesmo quando em condições favoráveis ao apodrecimento;
-Alta resistência aos parasitas e à umidade. É considerado uma madeira nobre, possui material excelente para estrutura de obras, em ambientes externos e até mesmo em detalhes decorativos. Pode ser usado também em construções de pontes, vigas, esquadrias, pisos, escadas, móveis, peças, na fabricação de instrumentos musicais, de portas e janelas, dentre muitas outras finalidades.
São as seguintes as espécies: Ipê Amarelo – Handroanthus ochraceus ou Tabebuia ochracea. Espécie comum na região centro-oeste, sudeste e sul do Brasil. Sua árvore pode alcançar de 6 até 14 metros de altura e tronco de 30 a 50 cm. Suas flores são amarelas e costumam florescer a partir do final de julho até setembro. Sua florada é exuberante e fantástica, muito utilizada no paisagismo, podendo ser considerada uma das mais belas dentre as espécies de ipês.
Ipê Amarelo da Serra – Handroanthus albus ou Tabebuia alba. Esta espécie costuma ter um porte maior, podendo alcançar de 20 a 30 metros de altura, e o tronco de 40 a 60 cm, ela é mais comum apenas nas regiões sudeste e sul.
Suas flores são amarelas e também florescem de julho a setembro. A árvore é extremamente ornamental, tanto por sua florada como por sua folhagem prateada quando recém-brotada. Esta espécie só ocorre acima de 1.000 m de altitude.
Ipê Amarelo do Cerrado – Tabebuia aurea ou Handroanthus caraíba. Comum da região amazônica e nordeste até o sudeste, frequente no cerrado, na caatinga e no pantanal mato-grossense. Sua altura é de 12 a 20 metros e seu tronco é tortuoso com diâmetro de 30 a 40 cm, com casca suberosa. Floresce durante os meses de agosto a setembro apenas. Possui uso comum tanto para arborização de ruas e avenidas, quanto no paisagismo em geral.
Ipê Branco – Handroanthus roseoalba ou Tabebuia roseoalba. Esta árvore possui em média de 7 a 16 metros de altura e seu tronco de 40 a 50 cm de diâmetro, é raramente encontrada na caatinga do nordeste brasileiro, mas muito comum no sudeste e centro-oeste. Possui flores brancas, podendo ser encontradas até em tons rosados, floresce de agosto a outubro. Esta espécie se adapta bem a terrenos secos e pedregosos, também é excelente para o paisagismo em geral.
Ipê Rosa – Tabebuia avellanedae ou Handroanthus avellanedae. Ocorre com mais frequência no Sul do país, desde o Mato Grosso do Sul até o Rio Grande do Sul. Pode alcançar de 20 até 35 metros de altura, com tronco ereto e cilíndrico de 60 a 80 cm de diâmetro. Suas flores possuem tons de rosa e roxo, floresce de junho a agosto. É a espécie de ipê mais comum no paisagismo do sul do Brasil, quando em flor é uma árvore muito bela, um grande espetáculo da natureza.
Ipê Roxo ou Ipê Roxo Sete Folhas – Handroanthus heptaphyllus ou Tabebuia heptaphylla. Esta variedade possui altura média de 10 a 20 metros e corre principalmente no nordeste e sudeste do país, seu tronco tem de 40 a 80 cm de diâmetro e é revestido por casca áspera cinzenta. Suas flores são roxas e aparecem durante julho até setembro. É uma das espécies mais populares no paisagismo brasileiro, por sua beleza quando em floração, também muito utilizada na arborização de ruas e avenidas, além de reflorestamentos.
Já foram também encontradas propriedades medicinais no Ipê. Em pesquisa, cientistas americanos descobriram que alguma substância composta na casca do ipê-roxo tem potencial para matar um certo tipo de célula cancerígena de pulmão. Ainda não foi divulgado qual a espécie de ipê roxo.
Ipê Roxo de Bola – Handroanthus Impetiginosus ou Tabebuia impetiginosa. Esta espécie também é mais comum nas regiões do nordeste e sudeste do Brasil, sua altura é entre 8 a 12 metros e seu tronco pode chegar até 90 cm de diâmetro. Sua flores também são roxas, porém a floração acontece durante o mês de maio até agosto. É uma árvore muito admirada para arborização e paisagismos.
Texto publicado em ContilNet Notícias
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