A Polícia Federal abriu investigação para apurar o ataque a tiros feito por garimpeiros a indígenas na comunidade Uxiu, na Terra Yanomami, no sábado (29/4) – um dia após o presidente Lula ter assinado a primeira demarcação de Terras Indígenas de seu governo (ver mais detalhes abaixo). O ataque, relata o g1, matou o agente de saúde indígena Ilson Xirixana, de 36 anos, e feriu Venâncio Xirixana e Otoniel Xirixana. Os dois feridos passaram por cirurgia no Hospital Geral de Roraima, na capital do estado, Boa Vista, e não correm risco de morte, informa o Metrópoles.
Nessa segunda (1/5), uma comitiva interministerial do governo federal foi a Roraima para verificar a situação na região e reforçar as ações de desintrusão contra garimpeiros na TI Yanomami. O grupo era liderado pelas ministras dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara; do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; e da Saúde, Nísia Trindade, relata o g1.
No domingo (30/4), a ministra Sonia Guajajara informou que foram solicitadas medidas de apoio do MJSP e da PF para cuidar do caso, também de acordo com o g1. Em um post no Twitter, a ministra lembrou que “a situação de invasores na TI Yanomami vem de muitos anos e, mesmo com todos os esforços sendo realizados pelo governo federal, ainda faltam muitas ações coordenadas até a retirada de todos os invasores do território”, mostra o Valor.
De acordo com Júnior Hekurari Yanomami, presidente da associação Urihi e do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (CONDISI-YY), o ataque ocorreu após os três indígenas se dirigirem a um acampamento de garimpeiros a 500 metros da comunidade para pedir acesso à internet. Houve uma discussão, e os garimpeiros iniciaram os disparos, relata O Globo. “Eles me disseram que não sabiam porque os garimpeiros atiraram neles”, disse Junior Hekukari, que conversou com um dos feridos.
O presidente do CONDISI-YY disse ter sido o segundo ataque a tiros de garimpeiros na Terra Yanomami desde o início do ano e a troca do governo federal. O primeiro foi em 23 de fevereiro, quando uma base federal na aldeia Palimiú foi alvo de um atentado a tiros. No confronto, um garimpeiro ficou ferido e foi detido pela PF.
Na verdade, um outro ataque foi registrado em 28 de março, quando um grupo de garimpeiros atirou contra fiscais do IBAMA e policiais rodoviários federais durante uma ação dentro do território. Não houve feridos, mas uma bala atingiu um dos helicópteros do IBAMA envolvidos na operação.
Apesar de todos os esforços do governo federal em expulsar o garimpo ilegal da TI Yanomami – como o fechamento do espaço aéreo desde 6 de abril –, a situação ainda está longe de ser resolvida. “Ainda há muitos acampamentos de garimpeiros escondidos pela região. Alguns deles ficam a poucos minutos de barco das comunidades indígenas”, disse Júnior Hekurari à Folha.
O ataque a tiros de garimpeiros na TI Yanomami é “uma clara provocação ao Estado brasileiro”, disse o jornalista André Trigueiro na CBN. Por isso, o governo federal acerta ao dobrar a aposta e reforçar o contingente de forças federais na região, destaca.
A tensão e a violência continuam na TI. Na noite de domingo (30/4), quatro garimpeiros morreram em um confronto com policiais rodoviários federais, informa o Metrópoles. Segundo a PRF, agentes da corporação e do IBAMA foram atacados em ação de fiscalização com munição de grosso calibre e reagiram.
Foram apreendidos um fuzil, três pistolas, sete espingardas, duas miras holográficas, munição de diversos calibres, carregadores e outros equipamentos bélicos.O ataque de garimpeiros na TI Yanomami foi destaque em diversos veículos, como g1, Estadão, CNN, Band, Agência Brasil, Reuters e Poder 360, entre outros.
Texto publicado em CLIMA INFO
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