Mais de 100 espécies de peixes-das-nuvens estão ameaçadas de extinção no Brasil devido à redução dos habitats causados pela ação humana, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
As espécies desta família, chamadas de peixes rivulídeos pelos cientistas, são conhecidas por viverem em ambientes aquáticos temporários, como poças e brejos, e eclodem após chuvas que fazem os ovos enterrados nesses ambientes durante o início de períodos secos surgirem.
A redução dessas áreas de habitat dos rivulídeos está relacionada às alterações ambientais causadas por diversas atividades humanas, algumas delas já tem confrontado diretamente a sobrevivência dessas espécies de peixes. Infelizmente, esse é o caso da Pituna xinguensis e da Spectrolebias reticulatus, peixes-das-nuvens encontrados exclusivamente na bacia do rio Xingu e restritos à ilha do Arapujá em Altamira (PA), cujo habitat natural está parcialmente inundado pela Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte, uma estrutura criada pelo homem.
A ameaça de extinção de peixes-das-nuvens é alarmante e exemplifica a perda de biodiversidade que ocorre em ambientes aquáticos brasileiros. É necessário um esforço maior para conscientizar e proteger as espécies dependentes de habitats temporários e garantir o acesso a áreas de reprodução desses peixes em seus habitats naturais. A situação da Pituna xinguensis e da Spectrolebias reticulatus serve como um alerta para a importância da preservação e conservação de ecossistemas naturais, especialmente para as espécies ameaçadas de extinção.
A preservação da biodiversidade é essencial para garantir a manutenção dos ecossistemas e o equilíbrio do planeta. Infelizmente, atividades humanas, como a construção de usinas hidrelétricas, têm impactado de forma negativa o habitat de várias espécies, colocando em risco sua sobrevivência, classificadas como “Criticamente em Perigo” na lista nacional de fauna ameaçada.
Um pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA), Leandro Sousa, explica que os rivulídeos, espécies de peixes-das-nuvens, dependem destes sensíveis ambientes da ilha de Arapujá, onde a UHE Belo Monte foi construída. É perceptível como a alteração impactou as populações de rivulídeos conhecidas na região, colocando em risco a existência dessas espécies nativas.
Apesar de classificadas como “Criticamente em Perigo”, a Pituna xinguensis e a Spectrolebias reticulatus não foram extintas graças a esforços heróicos em busca da conservação e à preservação das áreas não inundadas na ilha de Arapujá. No entanto, a situação serve como um alerta para a importância da conservação da biodiversidade e a necessidade de considerar os impactos ambientais causados por atividades humanas na construção de infraestruturas.
A perda da biodiversidade pode ter consequências graves para a sobrevivência humana e para o equilíbrio dos ecossistemas. Por isso, é urgente que sejam tomadas medidas para proteger as espécies ameaçadas de extinção e para preservar os habitats naturais em que vivem, garantindo assim um futuro sustentável para toda a vida no planeta.
A
ltamira, município localizado no estado do Pará, tem sido cenário de importantes descobertas científicas na área de biodiversidade na região amazônica. Recentemente, uma expedição de pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) encontrou populações de duas espécies de peixes-das-nuvens nas margens do rio Xingu, entre Altamira e São Félix do Xingu.
A ocorrência dos peixes-das-nuvens na região já era uma suspeita, mas a confirmação em uma área consideravelmente grande é uma descoberta inesperada para essas espécies, geralmente restritas a ambientes pequenos. O pesquisador da UFRGS, André Netto-Ferreira, doutor em Zoologia, conta que “eles vivem em um trecho de rio que tem cerca de 500 quilômetros, o que é algo atípico para esses animais”.
A descoberta de populações de espécies em um ambiente maior do que o previsto é importante para a compreensão da biodiversidade da região amazônica e das características de adaptação das espécies. Além disso, ela traz à tona a relevância da preservação de ecossistemas naturais e da promoção de pesquisas científicas para a conservação da biodiversidade.
O município de Altamira tem sido alvo de atenção devido à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, que impactou significativamente a região e levantou questionamentos sobre os possíveis danos ambientais causados pela obra. As descobertas científicas realizadas na região são importantes para subsidiar ações de preservação e proteção das espécies nativas.
O rio Xingu, um dos maiores afluentes do Rio Amazonas, tem sido alvo de importantes intervenções, que se não forem muito bem estudadas, podem comprometer as espécies nativas ainda não descobertas pela ciência. Esforços conjuntos tem possibilitado expedições organizadas pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (IDEFLOR-Bio) do Pará, no âmbito do projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção, também encontrou populações de duas espécies de peixes-das-nuvens em ambientes marginais do rio Xingu, entre áreas abrangidas pela Reserva Extrativista (RESEX) Rio Xingu e pelo Parque Nacional (Parna) da Serra do Pardo.
Além das duas espécies de peixes-das-nuvens encontradas, a expedição também descobriu indivíduos de Plesiolebias altamira, descrita na Ilha do Arapujá, que, embora não esteja ameaçada, também é alvo do Plano de Ação Territorial para Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Xingu (PAT Xingu), assim como a Pituna xinguensis e a Spectrolebias reticulatus.
A descoberta de novas espécies e populações em ambientes naturais conservados é fundamental para a compreensão da biodiversidade nos rios da Amazônia, em especial do rio Xingu, que é importantíssimo na regulação do clima regional e global e no equilíbrio das águas e da vida na região. Por isso, iniciativas de preservação da natureza, como as Reservas Extrativistas e os Parques Nacionais, são essenciais para a conservação da biodiversidade e para a manutenção dos ecossistemas naturais.
A Universidade Federal do Pará (UFPA) tem sido uma grande aliada na pesquisa de biodiversidade amazônica. A descoberta dessas espécies é fundamental para a promoção do esforço empreendido por tantos cientistas que fazem da Amazônia o seu meio vida. Além disso é de suma importância desenvolvermos consciência em prol da preservação da biodiversidade da região, segundo o pesquisador, representa um respiro para os peixes-das-nuvens do rio Xingu, que estão ameaçados. “A gente encontrou as espécies fora da área de abrangência da usina, em locais onde o rio ainda está natural, onde ocorre a seca e cheia de forma natural”, complementa Sousa.
Porém, conforme explica Netto-Ferreira, outro possível desdobramento do encontro dessas espécies fora da ilha do Arapujá é a necessidade de entender como e se as populações se relacionam entre si, já que normalmente vivem em ambientes restritos, em poças isoladas, e o rio Xingu apresenta muitas corredeiras, o que dificulta a conectividade entre essas populações.
A participação da UFPA em iniciativas de pesquisa e preservação da biodiversidade tem sido crucial para a compreensão dos ecossistemas amazônicos e para a garantia da continuidade da vida nessa região. A Universidade, que é referência em pesquisa na região amazônica, tem desempenhado um papel fundamental na formação de recursos humanos capacitados para lidar com questões ambientais e na disseminação do conhecimento científico para a sociedade. A descoberta dessas espécies reforça a importância da pesquisa e do investimento em preservação da natureza na região.
Brasil Amazônia Agora, publica com informações de: OECO
Fico feliz por essa mais nova iniciativa, vivemos como gafanhotos, não pensamos no amanhã. O amanhã é hoje agora.