O Brasil que comemora ser o anfitrião da 30ª edição da maior conferência ambiental do planeta – a Conferência do Clima, ou COP – e o Brasil no qual governantes de variados poderes e esferas defendem a exploração de petróleo em uma região ambientalmente sensível como a foz do Amazonas não passaram em branco em Bonn, na Alemanha, no encontro preparatório para a COP28.
Representantes de ONGs presentes no evento criticaram a contradição e os riscos desse posicionamento ambíguo. “Oito dos nove governadores [da Amazônia Legal] defendem a exploração de Petróleo. Ao mesmo tempo, o governador do Pará quer levar a COP30 para Belém.
Já estamos tendo problemas com o lobbydo petróleo, distribuindo desinformação e ameaçando lideranças”, afirmou Hannah Baliero, diretora-executiva do Instituto Mapinguari, do Amapá, informa a Folha. É no litoral amapaense que está o bloco FZA-M-59, onde a Petrobras quer perfurar um poço exploratório de petróleo, o que vai aumentar as emissões de gases estufa e ameaçar a biodiversidade local.
Para o Financial Times, a sanha pelo petróleo na região é um teste para o governo federal e um desafio para o presidente Lula equilibrar-se entre as promessas de campanha de proteção ecológica e o modelo antigo de crescimento econômico. “Em meio à crise climática, a pergunta que deve ser feita é se faz sentido o Brasil se posicionar como um dos últimos grandes produtores de petróleo vendedores”, disse Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima.
Em entrevista ao Brasil de Fato, o gerente de Clima e Oceanos do Instituto Arayara, Vinicius Nora, frisou que é preciso repensar o modelo de desenvolvimento do Brasil, e que o debate sobre a exploração na foz do Amazonas não pode ser resumido a um único ponto. “A própria Petrobras tem outros cinco blocos nessa região e há outras empresas, que também estão interessadas, com licenciamento andando. Algumas pessoas querem reduzir a discussão a um ponto fixo. Estamos falando do maior estuário do mundo. A costa amazônica não é um lugar qualquer.”Uma das ameaças se dá sobre os corais da região, mostra a Folha.
O recife, com tamanho estimado em cerca de mil quilômetros em linha contínua, com 9.000 km2 (mas que, a depender das projeções, pode chegar a 15 mil km2) de área, concentra uma diversidade única de peixes, corais, algas e esponjas, além de outros organismos marinhos.
Texto publicado em CLIMA INFO
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