Apontado como uma das soluções para a descarbonização do setor de transportes, o biocombustível esta na berlinda. A expansão global desse mercado pode levar à escassez de óleos vegetais, usados na alimentação – e agora, cada vez mais para abastecer caminhões, ônibus e aviões – e intensificar o debate sobre priorizar alimentos ou combustíveis.
O Brasil é um dos países que aposta nessa solução. Na semana passada, o governo federal decidiu aumentar o percentual de biodiesel acrescido no diesel de origem fóssil, de 10% para 12%, e criou um cronograma progressivo até 2026, quando a mistura deverá ser de 15%.
Além do Brasil, Estados Unidos e Indonésia vêm investindo pesado em biocombustível. A demanda é tão grande que produtores buscam óleo de cozinha usado e lodo, um produto residual do processamento do óleo de palma, como matéria-prima, relata a Bloomberg.
Um relatório da Visiongain sobre a indústria de biocombustíveis no período de 2023 a 2033 mostra que esse mercado foi avaliado em US$ 116,456 bilhões em 2022. A consultoria prevê uma taxa de crescimento anual composto (CAGR) de 7,9% nesse período temporal.
Tais ambições podem enfrentar desafios. A guerra da Ucrânia e o clima extremo limitam os suprimentos de óleos vegetais. Uma forte seca devastou a produção de soja na Argentina. Na Europa, as restrições ao uso de pesticidas tóxicos para as abelhas reduzirão o plantio de colza, enquanto a invasão russa ao território ucraniano vai reduzir as exportações de óleo de girassol.
Além da disputa com os alimentos, outro revés assombra o setor de biocombustíveis: danos ambientais, incluindo desmatamento e prejuízos a fauna e flora. O Mongabay cita um estudo publicado na Biological Conservation, que apontou que a produção e a expansão do etanol de milho e soja nos Estados Unidos podem estar provocando afetando a qualidade da água, aumentando as emissões de gases de efeito estufa e causando a perda ou degradação do habitat da vida selvagem, “o que pode afetar espécies ameaçadas de extinção”.
Entretanto, os alertas parecem não fazer efeito. Os biocombustíveis também estão sendo usados pela Itália como moeda de troca para aceitar a determinação da União Europeia de banir motores a combustão do continente até 2035. De acordo com a Reuters, o país disse que apoiará a decisão somente se a entidade permitir a venda de carros a biocombustíveis após essa data.
Texto retirado de CLIMA INFO
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