O programa científico AmazonFACE deu um importante passo na busca por compreender o impacto do aumento de dióxido de carbono (CO2) na maior floresta tropical do mundo. Neste mês, 32 torres de alumínio foram erigidas, completando a montagem dos dois primeiros anéis do experimento.
Juntamente com guindastes fixos e tanques para armazenamento de CO2 líquido, a infraestrutura possibilitará os primeiros testes de uma iniciativa anunciada em 2015 pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
O coordenador científico do AmazonFACE e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Carlos Alberto Quesada, destacou os desafios e as adaptações necessárias. “A construção dos dois primeiros anéis nos ensinou a adaptar o projeto de engenharia à nossa floresta, inserindo as torres com o mínimo de distúrbio entre as árvores”, disse.
O experimento utilizará a tecnologia FACE (Free Air Carbon Dioxide Enrichment) para simular o aumento de CO2 em uma floresta tropical. Até agora, essa tecnologia havia sido aplicada apenas em florestas temperadas. O AmazonFACE buscará adaptar a metodologia às árvores amazônicas, que são notoriamente altas e possuem copas densamente entrelaçadas.
Seguindo esta fase inicial, a equipe se voltará para a instalação das redes elétrica e de dados de fibra óptica, bem como a distribuição de CO2. Os testes piloto estão programados para começar em outubro, com o objetivo de investigar o impacto do aumento do CO2 na floresta.
Uma questão crítica que o experimento tentará responder é se o chamado ‘efeito de fertilização por CO2’ realmente existe e por quanto tempo. Especificamente, o CO2 extra, previsto para a atmosfera nas próximas décadas, beneficiará as plantas, tornando-as mais resilientes em um futuro mais quente e seco.
O sítio experimental do AmazonFACE se situa 80 km ao norte de Manaus e abrange uma área total de 2,5 hectares. Quando concluído, o local contará com seis anéis, cada um cercando cerca de 50 árvores adultas, com uma biodiversidade de aproximadamente 400 espécies de árvores diferentes.
David Lapola, pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e também coordenador do programa, ressaltou a relevância global do experimento. “Os dados gerados pelo AmazonFACE são cruciais para aprimorar os modelos climáticos e fornecer previsões mais precisas sobre o futuro da Amazônia”, afirmou.
O AmazonFACE é mais do que um projeto nacional. Com cooperação internacional do governo britânico e implementação pelo Met Office, o serviço meteorológico britânico, o programa reflete uma colaboração que ultrapassa fronteiras, em prol de uma compreensão mais profunda de um dos biomas mais vitais do planeta.
*Com informações GOV.BR
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