A devastadora seca que abala a Amazônia não está prejudicando apenas o ecossistema da região. Uma consequência imediata e tangível desta estiagem se reflete nas finanças públicas do Amazonas, ameaçando a economia local.
Ontem, o governador Wilson Lima (União) trouxe à tona preocupações crescentes sobre a saúde financeira do estado. Em um recente briefing de sua equipe econômica, ele foi informado sobre uma queda preocupante na arrecadação de ICMS, atribuída, em grande parte, ao declínio na venda de combustíveis. Com a drástica vazante dos rios, o transporte fluvial – vital para a região – está quase paralisado, impactando diretamente na demanda por gasolina e diesel.
Esta situação é alarmante, visto que os impostos gerados pela venda desses combustíveis constituem uma parcela significativa da receita do Amazonas.
Para piorar a situação, a região já vinha sofrendo com uma perda de mais de R$ 1 bilhão no orçamento deste ano. E, ao que parece, as coisas podem tomar um rumo ainda mais sombrio.
Durante uma coletiva de imprensa onde anunciava o reforço de equipes para combater incêndios florestais em Autazes (AM), o governador reconheceu a gravidade da situação, mas admitiu não possuir todos os detalhes. Além da queda nas vendas de combustíveis, Wilson Lima prevê um impacto ainda mais profundo na economia do estado, atingindo setores como o comércio e a indústria.
Os rios de baixa profundidade já começam a afetar o transporte fluvial de mercadorias. Grandes navios já estão cancelando viagens, colocando em xeque a capacidade do estado de atender à demanda. Como exemplo, o Polo Industrial de Manaus (PIM) pode ter dificuldades em cumprir suas entregas para a black friday, um dos períodos de venda mais lucrativos do ano para a região.
Uma recente reportagem do BNC realçou o tamanho e a escala desse desafio. À medida que a estiagem continua, os impactos da seca na Amazônia vão muito além da fauna e da flora, chegando ao coração econômico da região, o que demandará respostas rápidas e eficazes do governo local e nacional.
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