Em um anúncio feito nesta terça-feira, a Dinamarca propôs uma contribuição de 150 milhões de coroas dinamarquesas (aproximadamente R$ 110 milhões) ao Fundo Amazônia para o período de 2024 a 2026. A proposta foi apresentada durante um encontro em Brasília entre a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, e o ministro de Cooperação para o Desenvolvimento e Política Climática Global da Dinamarca, Dan Jørgensen. A medida ainda precisa ser aprovada pelo Parlamento dinamarquês.
Dinamarca junta-se aos esforços internacionais de combate ao desmatamento
O comprometimento financeiro da Dinamarca vem na sequência de outros investimentos internacionais significativos no Fundo Amazônia. Em abril, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que pedirá a aprovação do Congresso americano para um aporte de US$ 500 milhões (R$ 2,54 bilhões) ao fundo durante um período de cinco anos.
Na ocasião, a ministra Marina Silva destacou que o investimento dos Estados Unidos marcaria um “novo paradigma” nos esforços de combate ao desmatamento. A decisão, segundo ela, incentivaria outros países a seguir a mesma direção. Marina Silva agradeceu a oferta dinamarquesa durante o encontro e reafirmou, junto com Dan Jørgensen, o compromisso mútuo de enfrentar as mudanças climáticas e promover uma transição ecológica justa e inclusiva.
Vitória para a diplomacia brasileira
Em maio, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, durante a visita do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, a Londres, anunciou uma contribuição de R$ 500 milhões ao Fundo Amazônia. Noruega, Alemanha e Suíça também prometeram novas doações. O conjunto de compromissos internacionais representa uma vitória significativa para a diplomacia do governo Lula, especialmente em seus esforços para reposicionar o Brasil no debate global sobre mudanças climáticas e a proteção da Amazônia.
Embora a proposta da Dinamarca ainda precise ser aprovada pelo Parlamento do país, o anúncio é um indicativo positivo do crescente engajamento internacional na luta contra o desmatamento e as mudanças climáticas. O Fundo Amazônia tem como objetivo final apoiar os esforços do Brasil para erradicar o desmatamento na Amazônia até o ano de 2030.
O papel do Fundo Amazônia
Gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Fundo Amazônia busca captar doações para ações de preservação, monitoramento e combate ao desmatamento, além da conservação e do desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal.
Noruega e Alemanha têm sido os principais contribuintes internacionais. Os noruegueses doaram até o momento impressionantes US$ 1,2 bilhão (R$ 5,8 bilhões), enquanto os alemães contribuíram com US$ 68,14 milhões (R$ 331,8 milhões) e anunciaram, em janeiro, a liberação de mais 35 milhões de euros (R$ 184,9 milhões).
Ao longo de sua primeira década, o Fundo Amazônia financiou 102 projetos, custando um total de R$ 1,8 bilhão dos mais de R$ 3,3 bilhões recebidos em doações. Entretanto, o cenário mudou em abril de 2019, quando Noruega e Alemanha decidiram congelar seus fundos devido às políticas ambientais adotadas durante o governo de Jair Bolsonaro e à decisão de extinguir os comitês gestores do mecanismo sem consultar os países financiadores.
O novo compromisso da Dinamarca, juntamente com outras recentes contribuições, como as dos Estados Unidos e do Reino Unido, simboliza uma importante mudança no cenário internacional, possivelmente sinalizando uma retomada da confiança no Brasil para gerir questões ambientais sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O Fundo Amazônia tem desempenhado um papel crucial na conservação da maior floresta tropical do mundo. A reativação das doações internacionais representa não apenas uma vitória para a diplomacia brasileira, mas também para todos os esforços globais visando mitigar as mudanças climáticas e preservar a biodiversidade. O anúncio dinamarquês e as contribuições previamente congeladas que estão sendo retomadas marcam um momento crítico, cujo impacto será sentido muito além das fronteiras da Amazônia.
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