Os danos causados pelo desmatamento na Amazônia não se limitam às perdas da biodiversidade e seus efeitos sobre o clima global. A derrubada da floresta também acarretará um custo econômico considerável para o Brasil, na casa dos US$ 317 bilhões por ano – cerca de R$ 1,8 trilhão.
A estimativa é do Banco Mundial, que divulgou nesta 4ª feira (10/5) um novo relatório sobre o valor econômico da floresta amazônica e dos benefícios ecossistêmicos gerados por ela à economia brasileira. O valor calculado pelo estudo equivale a até sete vezes mais que o ganho estimado pela exploração privada à agricultura extensiva, à exploração madeireira ou à mineração.
“Reconhecer o valor excepcional das florestas naturais da Amazônia Legal é fundamental para deter sua destruição. O Brasil é responsável por cerca de um terço do desmatamento tropical no mundo todo, principalmente devido à pecuária. No Brasil, a Amazônia Legal é o hotspot de desmatamento, em sua maioria ilegal”, observou o relatório.
Ao Estadão, o economista Marek Hanusch, que coordenou o estudo, ressaltou o enorme prejuízo econômico gerado pelo desmatamento amazônico.
“Em termos econômicos, o desmatamento é uma enorme destruição de riqueza, ameaça o clima global, ameaça a extraordinária biodiversidade e formas de vida e Comunidades Tradicionais”, disse.
Considerando as necessidades econômicas da população que vive na Amazônia, o documento do Banco Mundial recomenda investimentos em infraestrutura urbana “para reduzir as disparidades no padrão de vida em polos econômicos e de serviços”, aumentando a competitividade das cidades como polos econômicos regionais.
“Uma ênfase maior na produtividade, principalmente em setores (que não estejam ligados à produção de commodities), impulsionaria o desenvolvimento em todo o país e ajudaria a fortalecer as economias da Amazônia, ao mesmo que diminuiria a pressão sobre as florestas naturais”, explicou à Folha Johannes Zutt, diretor do Banco Mundial para o Brasil.
O relatório também destacou os efeitos potenciais do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia para os esforços de proteção da floresta amazônica. Segundo a análise, abordada pelo Valor, a abertura do mercado europeu para mais exportações agrícolas brasileiras pode resultar em mais pressão sobre a Amazônia, o que reforça a importância do acordo contar com salvaguardas ambientais concretas e efetivas.
“Os efeitos dessas salvaguardas variam conforme o caso: é importante que elas sejam implementadas e aplicadas adequadamente. Os acordos comerciais que incluem a liberalização agrícola continuarão a representar um risco para a conservação das florestas da Amazônia até que a maturidade econômica e institucional esteja suficientemente avançada”, apontou o documento.
Agência Brasil, Correio Braziliense, g1, Metrópoles, Poder360 e TV Culturatambém repercutiram o novo relatório do Banco Mundial.
Texto publicado em CLIMA INFO
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