As mudanças climáticas alteraram o modo de vida de todo, ou ao menos de grande parte do mundo. Lugares hoje habitados se tornarão inabitáveis em poucas décadas. Para onde irão esses refugiados?
De acordo com especialistas, um dos efeitos mais preocupantes das mudanças climáticas é o aumento do número de deslocamentos forçados de pessoas por fenômenos como enchentes, avalanches ou aumento do nível do mar. Essa crise de refugiados já é um problema global, mas tem potencial para se tornar ainda mais intensa. Estudos revelam que os números previstos para o futuro são surpreendentemente alarmantes.
Em 2019, a Agência da ONU para Refugiados (UNHCR ACNUR) apontou que os perigos relacionados a fatores climáticos provocaram cerca de 25 milhões de deslocamentos em 140 países, o que representa um aumento significativo em relação aos anos anteriores. Devido a esses efeitos ambientais, muitas pessoas são forçadas a deixar suas casas e buscar refúgio em outros lugares, tornando-se refugiados que enfrentam grandes desafios.
Essas pessoas perdem suas casas, suas terras e sua sensação de pertencimento, além de enfrentarem riscos à sua saúde e segurança. O pior é que os países responsáveis pela maioria dessas emissões de gases do efeito estufa não são os mais afetados pela crise de refugiados climáticos. Estamos enfrentando um problema global que exige ação imediata para garantir a segurança e o bem-estar das pessoas mais vulneráveis.
Os efeitos das mudanças climáticas são cada vez mais evidentes em todo o mundo, afetando principalmente países de baixa altitude como as Ilhas Maldivas e as Ilhas Carteret, na Papua-Nova Guiné. Essas mudanças climáticas têm obrigado muitas pessoas a deixarem seus lares em busca de segurança e abrigo, tornando o refugiado ambiental uma realidade cada vez mais presente em diversas partes do mundo. Apesar disso, não há um consenso internacional sobre a questão, e a lei de refúgio não contempla as pessoas afetadas pela crise climática.
É necessário comprovar fundado temor de perseguição ou violação de direitos humanos para obter refúgio. Desde 2006, o governo das Maldivas tem proposto que o Estatuto dos Refugiados de 1951 inclua a condição de refugiado para aqueles que são forçados a se deslocar devido a desastres naturais ou impactos ambientais causados pela atividade humana. As Ilhas Carteret, na Papua-Nova Guiné, foram o primeiro caso de evacuação total em consequência do aquecimento global.
Um relatório recente do Banco Mundial revela que a crise climática tem o potencial de levar 216 milhões de pessoas a deixarem suas regiões de origem. O documento aponta que somente na América Latina, 17 milhões de pessoas serão forçadas a se tornarem migrantes climáticos até 2050, agravando ainda mais a crise migratória na região.
O Haiti é um país que enfrenta uma série de desafios em relação às catástrofes naturais. Desde o terremoto de 2010, a nação caribenha tem sofrido com uma série de desastres naturais, incluindo furacões e tempestades tropicais. Esses eventos têm obrigado muitas pessoas a deixarem suas casas em busca de segurança e abrigo. Em tais situações, alguns países concedem vistos de emergência humanitária, como foi o caso do Brasil no terremoto de 2010.
No entanto, os vistos humanitários têm validade limitada e não são uma solução permanente para aqueles que são forçados a deixar seus lares devido às mudanças climáticas. Nesses casos, o refúgio ambiental é a melhor opção, pois permite que o refugiado restabeleça sua vida definitivamente em um novo local. A crise climática continua a afetar o mundo inteiro e é importante que os países trabalhem juntos para encontrar soluções sustentáveis para ajudar aqueles que são mais afetados por esses eventos devastadores.
Um estudo da Escola de Economia de Paris, com base em dados da União Europeia (Eurostat) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), demonstrou que a imigração teve um impacto positivo na economia dos países europeus que receberam imigrantes entre 1985 e 2015. O aumento da renda per capita e a redução dos níveis de desemprego foram alguns dos benefícios observados.
No entanto, para os refugiados climáticos, a proteção imigratória não é uma opção viável. Embora a inclusão dessas pessoas nas políticas migratórias seja inevitável, a falta de uma abordagem coordenada tem feito com que muitos desses refugiados sejam deixados sem abrigo e sem esperança. A solução mais justa e humanitária é oferecer refúgio aos que sofrem com as mudanças climáticas.
Para que isso aconteça, é preciso que os países deixem de ver os estrangeiros como uma ameaça e comecem a entender como eles podem contribuir para as economias locais. Até então, a história tem mostrado que grandes movimentos migratórios coincidem com a expansão econômica dos países que os acolhem. Este é um momento crítico para planejar ações conjuntas e articular soluções que ofereçam a esses refugiados a possibilidade de uma nova vida e integrá-los social e economicamente em suas novas comunidades.
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