Os cientistas Igor Yuri Fernandes, Alexander T. Mônico e Esteban Diego Koch, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), realizaram uma descoberta inédita na América do Sul: a primeira vocalização registrada de uma cobra, mais precisamente da espécie papa-lesma, Dipsas catesbyi. O achado, de 2021, foi recentemente publicado na revista Acta Amazonica.
A descoberta ocorreu durante uma expedição na propriedade particular Amazon Emotions, em Presidente Figueiredo, enquanto os cientistas desenvolviam seus respectivos projetos de mestrado e doutorado. Em uma trilha noturna, a equipe avistou a papa-lesma a 40 centímetros acima do solo e, ao filmar a serpente exibindo seu comportamento típico de esconder a cabeça, capturaram a inédita vocalização.
Embora inicialmente houvesse a possibilidade do som ser originário de outra fonte, após minuciosas pesquisas, a equipe confirmou o registro como a primeira vocalização de serpente na América do Sul.
Canto da cobra pode ser um mecanismo de defesa diante de um predador (Foto: Igor Yuri Fernandes)
A descoberta chamou a atenção de especialistas e entusiastas da herpetologia. Igor Yuri, fundador do Projeto Suaçuboia e doutorando em Ecologia pelo Inpa, destacou a importância do achado. “A descoberta reverte as noções tradicionais sobre a herpetologia na América do Sul.
A repercussão tem sido vasta, e a aceitação do público ao ver uma cobra, muitas vezes estigmatizada, de uma maneira tão encantadora tem sido gratificante. Além da contribuição científica, este momento destaca a educação ambiental”, comenta.
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Conhecida popularmente como cobra dormideira, falsa-jararaca, e jararaquinha-do-brejo, a Dipsas catesbyi predomina na Amazônia, especialmente nas áreas de transição entre a Amazônia e o Cerrado. No entanto, o desmatamento tem colocado essa espécie em risco, tornando ainda mais vital o estudo e a preservação.
Sobre o Projeto Suaçuboia
Centrado na transformação da percepção do público sobre as serpentes, o Projeto Suaçuboia combina fotografia, palestras, cursos e diálogos com as comunidades locais para dissipar mitos e valorizar esses répteis. O projeto visa realçar a beleza e a importância ecológica das serpentes, desmistificando medos e crendices populares.
*Com informações GOV.BR
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