O renomado líder indígena Cacique Raoni Metuktire declarou nesta sexta-feira que pretende “bater na porta” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para cobrar o cumprimento de promessas feitas a ele durante a posse presidencial. O cacique revelou sua frustração com a falta de progresso nas questões indígenas desde o início do mandato de Lula e expressou sua determinação em garantir que as promessas feitas sejam cumpridas.
Raoni, conhecido internacionalmente por sua luta em defesa dos direitos dos povos indígenas e da preservação da Amazônia, revelou em entrevista ao jornal O Globo sua insatisfação com o andamento das negociações com o governo. Ele afirmou que Lula não cumpriu as promessas feitas a ele no dia da posse presidencial, e por isso está decidido a pressionar o presidente pessoalmente.
“Ele está devagar. Não cumpriu o que me prometeu no dia da posse e por isso vou a Brasília bater na porta dele”, declarou Raoni. “Ele me prometeu que iria fazer ações em prol dos povos indígenas, para que não existam mais essas ameaças e violência contra nós. Vou lá fazer campanha na sala dele até ser atendido. Pressioná-lo para ele cumprir o que prometeu para mim”, completou.
O principal ponto de controvérsia entre Raoni e o governo de Lula é o veto parcial ao chamado “marco temporal”. O líder indígena expressou sua preocupação com as implicações desse marco temporal para as comunidades indígenas e argumentou que o presidente precisa vetar totalmente essa medida.
“Tenho vontade de chegar para falar com ele, para acabar com tudo isso. Porque esse ódio não vai cessar com essa aprovação parcial. Estou tentando falar com ele e não consegui. Ele precisa vetar totalmente e por isso vou a Brasília para ele me atender”, afirmou Cacique Raoni.
O veto parcial de Lula ocorreu em partes do artigo 4º do Projeto de Lei 2.903/2023, aprovado pelo Congresso Nacional em 27 de setembro. Esse artigo estabelecia que os indígenas teriam direito somente às terras que estavam em sua posse em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.
Raoni também fez questão de criticar o marco temporal, enfatizando que essa medida é prejudicial aos povos indígenas e que foi concebida por pessoas que têm hostilidade em relação a essas comunidades. Ele citou o ex-presidente Jair Bolsonaro como um dos responsáveis pela promoção desse “ódio”.
“O marco temporal vai ser muito ruim para nós. É o pior problema que os povos indígenas podem ter. Ele não foi idealizado por nós, mas sim por pessoas que têm ódio da gente, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, que incentiva o ódio contra a gente”, declarou o cacique.
A expectativa agora é que Raoni Metuktire leve sua mensagem diretamente ao presidente Lula em Brasília, na esperança de que as preocupações dos povos indígenas sejam ouvidas e de que as promessas feitas durante a posse presidencial sejam finalmente cumpridas.
Este é um momento crucial na luta pelos direitos dos povos indígenas no Brasil, e a atenção nacional e internacional está voltada para as próximas ações de Raoni e a resposta do governo às suas demandas.
Líder indígena Raoni expressa insatisfação com promessas não cumpridas e pede ação imediata para proteger comunidades indígenas
“Não estou feliz com o que foi feito. Muitos parentes precisam de território demarcado. Muitos deles estão sofrendo e vão sofrer ainda mais pela violência. A saída é a terra ficar com quem tem direito. Todas as lideranças têm me procurado para cobrar isso de Lula”, afirmou Raoni.
O cacique destacou que houve uma promessa de colaboração com o governo de Lula em relação aos temas relacionados aos povos indígenas, mas essa cooperação parece estar aquém do esperado. Ele reconheceu as pressões enfrentadas pelo presidente por parte de deputados e ruralistas, mas enfatizou que as necessidades das comunidades indígenas são urgentes e precisam ser atendidas.
“Estão tendo muitas ameaças, violências e não estou vendo o governo cumprir seu papel de proteger contra a violência as comunidades indígenas de todo o país”, acrescentou Raoni.
O líder indígena também destacou a importância de apoiar o presidente Lula na nomeação de seus ministros, especialmente no Ministério do Meio Ambiente, liderado por Marina Silva. Ele acredita que a atuação firme e comprometida de ministros em áreas relevantes é crucial para enfrentar os desafios que afetam as comunidades indígenas e o meio ambiente.
Apesar das críticas dirigidas a Lula, Raoni elogiou o funcionamento do recém-criado Ministério dos Povos Indígenas e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), destacando que ambos têm trabalhado com firmeza e compromisso.
Na mesma entrevista, o cacique compartilhou seu maior sonho, que é receber a medalha do Prêmio Nobel da Paz. Ele revelou que sempre ouviu falar de seu nome sendo mencionado para receber o prêmio e expressou o desejo de ser honrado com esse reconhecimento internacional. Raoni acredita que receber o Prêmio Nobel da Paz fortaleceria ainda mais sua luta em defesa dos direitos indígenas e da preservação da Amazônia.
O momento é crítico para a luta pelos direitos dos povos indígenas no Brasil, e as ações de Raoni Metuktire continuam a ser um farol de esperança para muitos, dentro e fora do país, que compartilham seu compromisso com a justiça e a proteção das comunidades indígenas e do meio ambiente.
*Com informações Poder 360º
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