O agravamento da seca e os constantes incêndios no Amazonas chamaram a atenção do governo federal. Liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que também responde pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, uma comitiva de ministros desembarca em Manaus nesta quarta-feira (4) para uma avaliação direta da situação.
O vice-presidente destacou a gravidade do momento. “Vamos verificar, in loco, a questão da seca na Amazônia, que afeta não só o Amazonas, mas também Rondônia, Acre”, informou Alckmin após uma reunião no Palácio do Planalto.
A Comitiva e a Agenda
Acompanhando Alckmin, estão confirmados os ministros Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), Sílvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Alexandre Silveira (Minas e Energia), José Múcio Monteiro (Defesa) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas). Representantes de outros órgãos e ministérios também integram o grupo.
O roteiro da comitiva inclui reuniões com autoridades locais, como o governador Wilson Lima e prefeitos. Além disso, o governo federal pretende estender o diálogo a comunidades atingidas, empresários e outros atores da sociedade civil. Uma vista aérea de Manaus também está programada.
Emergência em Ascensão
Até a tarde desta terça, 23 municípios no Amazonas já declararam situação de emergência devido à intensa seca, conforme informações do Comitê de Intersetorial de Enfrentamento à Situação de Emergência Ambiental. Manaus, capital do estado, não ficou de fora; com a vazante do Rio Negro atingindo níveis críticos e incêndios cobrindo a cidade de fumaça.
A crise afetou a vida dos moradores das áreas ribeirinhas e rurais, dificultando o acesso a itens básicos como alimentos e água potável. Para amenizar o impacto, ações estão sendo planejadas, como distribuição de alimentos, água e combustível. Além disso, o Ministério da Saúde enviará kits médicos e as Forças Armadas auxiliarão na logística de distribuição.
Diante deste cenário, a visita da comitiva federal sinaliza a urgência e a importância de uma ação coordenada para aliviar os efeitos desta crise no estado amazonense.
Fenômenos Climáticos e Seca Intensa Agravam Situação Ambiental e Energética na Região Amazônica
Os fenômenos climáticos El Niño e o aquecimento do Atlântico Tropical Norte estão agravando a já delicada situação da seca na região Amazônica, conforme aponta o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa). Esse cenário tem levado a eventos preocupantes, tanto para a fauna local quanto para a geração de energia na região.
O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá registrou, na última semana, a morte de mais de 100 botos cor-de-rosa e tucuxis na região do Lago de Tefé, Amazonas. Embora as causas exatas ainda não estejam claras, indícios apontam para a histórica seca dos rios como fator determinante, levando a mortes de peixes e mamíferos aquáticos.
Em resposta, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) mobilizou uma força-tarefa, incluindo veterinários e servidores do Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA) e da Divisão de Emergência Ambiental, para investigar as causas desses eventos trágicos.
A ministra Marina Silva expressou profunda preocupação: “A situação ambiental é tremenda e assustadora. Estamos realizando uma ação emergencial em relação aos botos e tucuxis.”
Ações para Navegabilidade e Energia
Com o objetivo de garantir a navegação na região, o governo federal anunciará, durante a visita ministerial, a dragagem de trechos dos Rios Solimões e Madeira. Essas ações, que totalizam um investimento de R$ 138 milhões, visam a retirada de sedimentos para melhorar o fluxo de navegação. Sobre a iniciativa, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, destacou: “Estamos buscando novos eixos de dragagem para fortalecer o escoamento da região.”
Na área energética, a crise hídrica levou à suspensão temporária das atividades da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia. A decisão, influenciada pela baixa vazão do Rio Madeira, foi tomada em colaboração com várias entidades, incluindo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e o Ibama.
Notavelmente, a Hidrelétrica de Santo Antônio é uma das maiores geradoras de energia do Brasil. No ano passado, ocupou o quarto lugar no ranking de geração de energia do país.
A seca, além de impor desafios de abastecimento e logística, traz à tona preocupações profundas sobre o equilíbrio ambiental da região Amazônica, exigindo ações coordenadas e urgentes das autoridades.
*Com informações CANAL RURAL
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