A Petrobras e o Ministério de Minas e Energia (MME) receberam um importante aval para avançar com os planos de exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, localizada na Margem Equatorial. Em decisão recente, a Advocacia Geral da União (AGU) deu parecer favorável à empresa e ao ministério, facilitando a obtenção da licença ambiental para a perfuração do bloco FZA-M-59.
Controvérsias sobre o AAAS
O ponto central dessa discussão foi a Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS). Em maio deste ano, o Ibama negou a licença ambiental para a Petrobras, apontando a falta deste estudo como uma das principais lacunas. No entanto, a AGU, com base em sua análise, concluiu que a apresentação da AAAS pela Petrobras não é uma exigência obrigatória e que sua ausência não pode barrar o licenciamento de empreendimentos voltados à exploração e produção de petróleo e gás natural em território nacional.
Relevância econômica e ambiental
Essa decisão tem grande peso, pois alinha-se com o pedido feito em julho pelo ministro Alexandre Silveira, responsável pela pasta de Minas e Energia. O MME solicitou um parecer urgente à AGU, dada a relevância do projeto para o cenário econômico, social e ambiental do país. A exploração na região da Bacia da Foz do Amazonas promete ser um marco para a indústria petrolífera, mas também carrega consigo debates sobre os possíveis impactos no ecossistema.
A AGU, como órgão encarregado de estabelecer a interpretação da legislação a ser adotada pela União, exerceu um papel crucial nesse processo, possivelmente sinalizando os rumos futuros das atividades petrolíferas em áreas de relevância ambiental.
É esperado que, nos próximos meses, a Petrobras e o MME trabalhem em conjunto para atender a outros possíveis requisitos e avançar no projeto, buscando equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental.
Uma história recheada de nuances
O parecer da AGU sobre o licenciamento ambiental para exploração de petróleo na região levou em conta diversos fatores legais, mas sua essência sustenta que a Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) não é um impedimento para a obtenção de licenças. Tal avaliação, segundo o órgão, fornece subsídios ao planejamento da outorga de blocos exploratórios, mas não deveria ser uma exigência intransigente.
Além disso, a AGU esclareceu pontos cruciais relacionados à portaria interministerial de 2012, que indicava a possibilidade de a AAAS ser substituída por uma manifestação conjunta das pastas envolvidas. Ainda mais relevante é o destaque dado ao fato de que a validade quinquenal desta manifestação se aplica somente a áreas ainda não concedidas ou submetidas à AAAS.
Enquanto isso, Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, tem insistido na necessidade de seguir as diretrizes do Ibama, porém, ressaltando a importância de pesquisas para identificar potenciais econômicos da região. O presidente Lula ecoou sentimentos semelhantes.
Ambos, portanto, defendem uma abordagem equilibrada, que considere tanto os requisitos ambientais quanto as oportunidades econômicas na região.
Um olhar mais atento à Bacia da Foz do Amazonas
A Petrobras, que saiu vitoriosa do leilão da ANP em 2013, tem a missão de explorar o bloco FZA-M-59. Essa exploração inicial busca comprovar reservas potenciais de petróleo e gás. Se bem-sucedida, segue-se uma análise da viabilidade comercial baseada no tamanho da reserva. Somente após esta etapa é que a produção nos campos começa.
E um detalhe curioso: embora a área tenha o nome “Foz do Amazonas”, ela não está localizada na foz do rio Amazonas, mas a 500 km de distância dela.
As razões por trás da negativa da exploração de petróleo
O pedido de licença da Petrobras, contudo, encontrou um obstáculo robusto: a negativa do Ibama. Entre os principais argumentos do órgão ambiental para rejeição estão:
- A necessidade de realização da Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) na bacia da foz do Amazonas.
- Possíveis impactos em comunidades indígenas ocasionados pelo sobrevoo de aeronaves no trajeto entre o aeródromo do Oiapoque/AP e o local do bloco FZA-M-59.
- Preocupações sobre o tempo de resposta e atendimento à fauna afetada por um eventual derramamento de óleo.
Após receber a negativa, a Petrobras, em uma tentativa de superar as objeções, enviou documentações adicionais solicitando uma reavaliação do pedido. No entanto, o cronograma para essa nova análise permanece incerto.
Desde as descobertas no pré-sal, não surgiram no Brasil novas reservas significativas de petróleo. Portanto, o bloco na Margem Equatorial adquiriu status estratégico para a Petrobras. A região, embora pouco explorada, vem gerando grandes expectativas no setor energético, a ponto de ser apelidada de “novo pré-sal”.
Enquanto o Brasil busca avançar nos processos exploratórios da Margem Equatorial, outros países já desfrutam dos frutos. Esta região, que se estende da Guiana ao Estado do Rio Grande do Norte, é uma mina de ouro para nações como Guiana e Suriname. Curiosamente, somente a Guiana Francesa ainda não iniciou a exploração de petróleo na área, fazendo com que o Brasil, comparativamente, pareça estar engatinhando enquanto seus vizinhos avançam a passos largos.
*Com informações PODER 360
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