Presidente participou da abertura da Bahia Farm Show, ontem (6), onde aproveitou para anunciar investimentos de R$ 7,6 bilhões para o agronegócio por meio do BNDES.
Depois de buscar uma aproximação com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) na última segunda-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez acenos ao agronegócio durante a Bahia Farm Show, a maior feira do setor do Norte e Nordeste do país, ocorrida ontem (6) no município baiano de Luís Eduardo Magalhães. No evento, Lula defendeu uma conciliação entre pequenos e grandes agricultores e incentivou que os brasileiros joguem o “ódio na lata do lixo” para melhor conviver em sociedade.
Além disso, o presidente também anunciou investimentos de R$ 7,6 bilhões para o agronegócio por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Lula sabe da importância de seu movimento. A bancada ruralista no Congresso Nacional foi a responsável por desidratar as pastas do Meio Ambiente e Povos Indígenas durante a votação da medida provisória que reestrutura os ministérios de Lula. Também foram determinantes na aprovação do marco temporal, praticamente uma sentença de morte aos povos indígenas.
Todas essas pautas são caras a Lula. O fortalecimento da pasta do Meio Ambiente e a criação de um ministério dedicado aos povos indígenas estavam entre as suas promessas de campanha, de modo que o resultado da votação na Câmara representou um duro golpe para o governo, que tem de negociar com um Congresso extremamente conservador e contrário à agenda do Planalto.
O aceno ao agronegócio também é importante por tudo aquilo que o setor representa para a economia do país. O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,9% no primeiro trimestre, puxado pela alta na Agropecuária (21,6%), que tem peso de aproximadamente 8% da economia do país.
Na Bahia Farm Show, Lula lembrou ao público, que em grande parte votou no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que o ex-mandatário representou um retrocesso para o agronegócio. Ele também criticou o valor destinado ao Plano Safra em 2022 e defendeu a atuação do governo federal para impulsionar o setor.
“Quem é do agronegócio sabe como foi o Plano Safra do ano passado, talvez o pior de toda a história do agronegócio. Quem é da agricultura sabe o que aconteceu. No tempo em que o PT governava esse país, vocês compravam essas máquinas que parecem coisa de outro mundo pagando 2% de juros ao ano, e hoje estão pagando 18%, 19% ao ano. Está praticamente impossível as pessoas comprarem”, disse.
Lula aproveita a chance para lembrar que, não fosse a ajuda do Estado, talvez “o agronegócio não estaria do tamanho que está”
Na mesma fala, Lula ainda aproveitou a chance para lembrar que, se o agro é o que é, o Estado também deu a sua mãozinha. “Nós entendemos que é obrigação do Estado criar as condições de ajudar. Dizer que não precisa do governo é mentira. Todo mundo precisa. O pequeno precisa, o grande precisa e o médio precisa. Se não é o Estado colocar dinheiro, muitas vezes o agronegócio não estaria do tamanho que está, para financiar as máquinas, para financiar a safra, para garantir as exportações”, pontuou.
O presidente Lula também criticou o que chamou de uma falsa rivalidade entre o agronegócio e a agricultura familiar e disse que os dois setores se complementam: “São duas coisas totalmente necessárias para o país. Não tem porque existir preconceito do grande com o pequeno ou do pequeno com o grande. O Brasil precisa dos dois porque os dois ajudam o Brasil. Nós temos 4,6 milhões de propriedades nesse país com menos de 100 hectares. Essa gente cria porco, cria galinha, pequeno rebanho de vacas leiteiras, planta soja, milho, cria peixe. Essa gente produz parte do alimento que nós consumimos, então precisamos deles. A verdade é que nós precisamos dos dois, um complementa o outro. Quando a agricultura vai bem, a indústria de máquina vai bem”, disse.
Lula ainda lembrou da pauta ambiental e climática, e prometeu punição aos responsáveis pelo desmatamento. “Quando a gente fala em meio ambiente e na questão do clima, a gente não está falando contra os produtores que trabalham corretamente e que preservam. As pessoas sabem que não pode destruir os rios, que não pode plantar no Pantanal, na Caatinga, na Amazônia. Nenhuma pessoa honesta vai poder derrubar uma floresta para plantar, porque temos terras degradadas que podem ser utilizadas para a gente dobrar nossa produção. Agora, quem quiser agir como bandido e for desmatar, vai ter que sofrer as penas da lei, porque a gente vai preservar esse país”, afirmou.
Por fim, o mandatário criticou o governo anterior por incentivar rivalidades e disse que precisa de todos para fazer o Brasil crescer. “Joguem o ódio na lata do lixo, coloquem o coração para bater […]. É esse o mundo que precisamos porque o ser humano nasceu para viver em comunidade, ele não nasceu para para viver do ódio, para viver separado, para viver brigando. Nós não somos galos de briga.”
Setor agropecuário – Com os investimentos anunciados, o BNDES disponibilizou, somente no primeiro semestre de 2023, aproximadamente R$ 11 bilhões ao setor agropecuário. São diversas soluções financeiras, tanto no campo dos Programas Agropecuários do Governo Federal (PAGF), quanto no âmbito do BNDES Crédito Rural, com recursos disponibilizados de maneira perene, ao longo do ano.
Ainda foi anunciada a liberação de R$ 3,6 bilhões para o Plano Safra (Safrinha) e de R$ 4 bilhões em linha de financiamento em dólar para investimentos no Crédito Rural – para a construção e ampliação de armazéns, obras de irrigação, formação e recuperação de pastagens, geração e distribuição de energia de fontes renováveis e regularização ambiental da propriedade.
Originalmente publicado pelo: ICL ECONOMIA
Comentários