Depois da Bahia e de Minas Gerais, agora é a vez de São Paulo sofrer com grandes volumes de precipitações. As chuvas extremas que caem desde 6ª feira (28/1) deixaram um rastro de destruição e mortes na Região Metropolitana de São Paulo e no interior do estado, e devem prosseguir até pelo menos até esta 3ª feira (2/2), segundo o MetSul.
Mais de dez cidades, entre elas Embu das Artes, Franco da Rocha, Francisco Morato e Itapevi, foram fortemente atingidas por deslizamentos de terra, transbordamento de rios e córregos e alagamentos. Segundo o Jornal Hoje, pelo menos 24 pessoas morreram – sendo nove menores de idade. As buscas por desaparecidos continuam. Cerca de 660 famílias estão desalojadas.
Os alertas de perigo motivados pelos volumes excessivos de chuva foram emitidos na última 5ª feira (27/1) pelos meteorologistas e pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais). O acumulado em algumas cidades pode ainda chegar a 400 milímetros em 120 horas.
O MetSul apontou a multifatorialidade do evento, e disse que a massa de ar frio responsável pelo rompimento da bolha de calor que castigou os gaúchos por 15 dias, encontra-se agora semi-estacionária na Região Sudeste. A partir daí, formou-se um corredor de umidade (Zona de Convergência do Atlântico Sul), identificado como um “rio atmosférico”, que tem origem na Amazônia, passa por São Paulo, onde provoca chuvas torrenciais, e avança por milhares de quilômetros pelo Atlântico até o extremo Oeste do Oceano Índico, no Sul da África.
Um dos municípios mais atingidos foi Franco da Rocha, onde um deslizamento soterrou 15 imóveis, matando pelo menos oito pessoas. Outras dez ainda estão desaparecidas. Por lá, choveu em 12 horas o equivalente a 40% do esperado para o mês inteiro. Segundo a Folha, a cidade ainda está sob risco de novos alagamentos caso as chuvas aumentem e seja necessária a abertura das comportas do reservatório Paiva Castro. Em Várzea Paulista, pai, mãe e três filhos morreram em outro deslizamento.
A BBC destacou que o governador João Doria sobrevoou as áreas afetadas e liberou R$ 15 milhões em verbas emergenciais para os municípios. Já a colunista Julia Duailibi, d’O Globo, reportou que, nas bandas do Planalto, ministros ainda tentam convencer o presidente Bolsonaro a sobrevoar a região hoje. O presidente foi duramente criticado por preferir ficar comendo camarão, durante as férias em Santa Catarina, em vez de prestar assistência e sobrevoar as áreas atingidas pelas enchentes na Bahia, que vitimaram dezenas de pessoas há algumas semanas. O Antagonista também focou no embate entre Doria e Bolsonaro. A cobertura sobre as chuvas foi feita também por Agência Brasil, CNN Brasil, Estadão, g1 e Reuters.
Em tempo: Vale conferir a entrevista da urbanista Raquel Rolnik, professora da USP, à Folha. Ela discorre sobre como São Paulo é planejada por poucos e para poucos, produzindo padrões de desigualdade. A população alojada de forma precária nas beiras de córregos e nas encostas dos morros são as mais afetadas em eventos extremos como o das chuvas torrenciais que afetam a região.
Fonte: ClimaInfo
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