A invasão da Ucrânia pelos russos fez o preço do barril de petróleo passar a marca mítica dos US$ 100 e tirou o sono de uma Europa que importa ⅓ das suas necessidade de trigo dos invadidos e quase 50% do gás e 30% do petróleo dos invasores.
O preço do Brent, segundo a Oil Price, fechou centavos abaixo da marca mítica. O preço de referência do gás também deu um pulo e quase chegou a US$ 5 o MMBTU (unidade de energia usada como referência no mercado de gás) para fechar no patamar do início do dia.
No Brasil, afora as notícias dos combates e pronunciamentos de autoridades, a preocupação foi com o preço dos combustíveis. Folha, UOL e o Valor se referiram aos resultados da Petrobrás no ano passado – um lucro de mais de R$ 100 bilhões – para comentar que, no curto prazo, o barril de petróleo mais caro pode aumentar ainda mais a receita da empresa. Mas pode também enterrar de vez a pretensão de Bolsonaro de querer controlar o preço dos combustíveis na bomba.
O Valor também dedicou uma matéria ao agro, dizendo da importância da Rússia para o setor, pois aquele país é um dos principais fornecedores de fertilizantes e um bom comprador do complexo soja.
Das internacionais, vale ver as análises do Financial Times, Bloomberg, New York Times e do Público de Portugal.
Outra matéria do New York Times diz que a segurança energética, abalada pela invasão, pode comprometer as metas de Paris, por conta da ameaça de interrupção no fornecimento de petróleo e gás russos.
O Climate Wire traz um comentário instigante sobre o comportamento da Rússia, que poderia ser entendido a partir do seu comportamento nas negociações climáticas. Um experiente negociador climático lembrou que os russos costumam anunciar posições muito fortes aos 44 minutos do 2º tempo, o que obriga todos a varar a noite renegociando posições: “A situação na Ucrânia é um exemplo de como a Rússia não opera dentro das normas e regras internacionais quando eles não acham que é de seu interesse fazê-lo”.
Vale mencionar alguns comentários feitos no Twitter. Lauri Myllyvirta provoca perguntando quanto custaria à Europa deixar de depender dos fósseis russos; colocando o peso no consumo residencial, principalmente no aquecimento, ela acha que não seria tão doloroso quanto se tem pintado. Mark Lynas diz que o salto no preço de petróleo e gás melhora ainda mais a posição russa; a menos que a OTAN bloqueie as exportações, algo militarmente bastante desafiador.
E uma última nota: no final da tarde ficamos sabendo que os russos ocuparam a planta nuclear de Chernobyl. Segundo a UOL, autoridades ucranianas falam da ameaça dos russos deflagrarem um segundo desastre nuclear. Além do reator que explodiu, existem lá três outros, inteiros, recentemente desativados.
Fonte: ClimaInfo
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