Ulysses Ribeiro Júnior detalha as possibilidades que a reprogramação celular traz para esse câncer de baixa taxa de cura
Nos Estados Unidos, o tratamento experimental de reprogramação celular traz novas esperanças para reverter o câncer metastático no pâncreas. A equipe médica responsável acompanha um caso de sucesso de uma norte-americana de 71 anos. O estudo foi publicado na revista The New England Journal of Medicine.
Para comentar essa pesquisa experimental, o Jornal da USP no Ar 1ª Edição conversou com Ulysses Ribeiro Júnior, coordenador médico da Cirurgia Oncológica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), integrante do complexo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Segundo ele, o câncer no pâncreas é “normalmente bastante agressivo”. Em 70% a 80% dos diagnósticos, o câncer já está num estágio avançado. Por isso, a taxa de cura é baixa: hoje, por volta de 30% dos pacientes conseguem sobreviver.
De acordo com Ribeiro, esse câncer tem uma das incidências que mais crescem em países como os Estados Unidos e na Europa, e “provavelmente daqui uns anos também vai acontecer isso no Brasil.” Os fatores de risco do câncer pancreático são a obesidade, o tabagismo, o alcoolismo, o sedentarismo e a diabete
Mais uma opção
Os tratamentos oncológicos convencionais são a cirurgia para a retirada do tumor localizado, a quimioterapia, a radioterapia e a imunoterapia. Esta última vem trazendo bons resultados para vários tipos de tumores, como o melanoma, de pulmão, rim, bexiga, esôfago e fígado, combatendo o que os outros tratamentos não conseguem alcançar.
No caso do estudo recente, a reprogramação das células T para o câncer no pâncreas é um tipo de imunoterapia que aumenta a linha de defesa dessas células T, que são glóbulos brancos do sistema imunológico responsáveis por matar as células tumorais. Os cientistas conseguiram aumentar a taxa de detecção de uma mutação do câncer pancreático pela proteína receptora que fica na membrana celular, inibindo o crescimento da célula do tumor.
Texto publicado originalmente em Jornal da USP
Comentários