Ferramenta está facilitando a comercialização de alimentos agroecológicos.
Segundo o IBGE, a agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. No entanto, o escoamento da produção ainda é um desafio para a maioria dos pequenos agricultores. Uma das razões é a falta de acesso dos produtores à tecnologia e a falta de acesso do consumidor aos produtos.
Pensando nisso, pesquisadores de computação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) criaram o Sistema De Pedidos De Cestas Agroecológicas, que facilita a comercialização de alimentos agroecológicos.
A tecnologia faz parte de um projeto de extensão do Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social (Nides/UFRJ) e, desde 2021, tem contribuído para aumentar a renda de grupos agroecológicos em estados como Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás e Pará.
“O sistema é uma estrutura de e-commerce online que auxilia na venda das cestas produzidas por esses agricultores. Com isso, etapas como a encomenda e a distribuição das cestas, além do controle de produtos, passam a ser feitas por meio da plataforma”, explica Celso Alvear, coordenador do projeto.
Segundo ele, a demanda por esse tipo de suporte tem sido crescente por parte de grupos de agroecologia e de agricultores familiares em todo o Brasil. “Algumas pessoas pagavam serviços de e-commerce para fazer as vendas. Nosso objetivo é justamente fornecer essa ferramenta de forma gratuita”.
De acordo com relatório do Instituto Nacional do Câncer (Inca), publicado em 2021, o Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo. Nesse contexto, a busca por alimentos saudáveis se tornou urgente, mas o acesso continua a ser um problema. “Nosso sistema ajuda a mudar esse quadro. O vendedor alavanca as vendas, e o consumidor passa a encontrar com maior facilidade produtos livres de agrotóxicos, que podem ser entregues em casa”, conta Alvear.
Em 2021, o Sistemas de Pedidos de Cestas Agroecológicas foi selecionado entre as melhores tecnologias do país na área Inovação Digital, e certificado como Tecnologia Social no Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologias Sociais.
Aumento das vendas
O Grupo para Consumo Agroecológico (Gruca), de Belém do Pará, foi o primeiro a receber o sistema, em outubro do ano passado. “O processo de começar a vender pelo site coincidiu e foi potencializado pela pandemia de Covid-19. Em razão do isolamento social, as pessoas começaram a procurar mais esse tipo de serviço”, explica Noel Bastos, coordenador do Gruca.
Antes de utilizar o sistema, as cestas do grupo eram encomendadas e entregues quinzenalmente e muitas vezes não era possível alcançar o número mínimo de vendas esperadas.
“Tínhamos dificuldade de ter dez pedidos quinzenais. Com o site, as vendas cresceram. Chegamos a ter mais de 20 pedidos semanais em alguns momentos da pandemia”, conta o agricultor, revelando que o faturamento médio saltou de R$300 para R$1900 por semana – um aumento superior a 500%.
Além de melhorar os ganhos, Alvear explica que o projeto busca fortalecer o modelo de produção da agricultura familiar agroecológica. “Diferente de outros e-commerces, o site é pensado a partir da lógica do campo, destacando produtos sazonais, fazendo com que as pessoas que compram entendam os ciclos e o processo produtivo como um todo”.
Atualmente, além do Gruca, o sistema de comercialização de cestas tem sido utilizado por organizações como a Feira Terra Crioula (MST) e o Armazém do Campo (MST), no Rio de Janeiro (RJ); a Feira Interinstitucional Agroecológica, em Goiás; e a Cesta Camponesa de Alimentos Saudáveis, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), no Espírito Santo.
Além delas, outras 38 cestas distribuídas em 13 estados e Distrito Federal, nas cinco regiões do país, foram selecionadas para receberem hospedagem e domínio gratuito. Acesse o mapa e conheça a lista completa de cestas.
Fonte: CicloVivo
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