Pautas ambientais são pouco citadas e tratadas de forma superficial pelos presidenciáveis nas plataformas digitais há pelo menos um ano
Foram monitoradas as contas oficiais de Instagram e Twitter de Jair Bolsonaro (PSL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB).
Em complementaridade a esses dados, a reportagem de ((o))eco verificou que a aproximação com a campanha eleitoral, oficialmente lançada em 16 de agosto, não aumentou consideravelmente essas menções.
Desde primeiro de junho, ao todo foram 14 citações somadas entre os mesmos candidatos, um espaço mínimo se comparado a outras pautas como a questão tributária, o combate à fome, o fomento à Educação e a Cultura ou a representatividade de gênero na política.
Não foram consideradas para essas somas as postagens relacionadas ao assassinato do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, ocorrido no início do mês de junho no Vale do Javari (AM).
De acordo com o levantamento anual e a soma complementar, o candidato que mais fez postagens ligadas às pautas ambientais foi Luiz Inácio da Silva (PT), com um total de 21 postagens. Ciro Gomes (PDT) aparece em segundo lugar no ranking, com 12 postagens. Jair Bolsonaro (PL), ao longo de todo o período monitorado, realizou 11 postagens no total, enquanto Simone Tebet realizou também um total de 11 postagens.
O levantamento ainda mostra que as postagens possuem tons genéricos e sem um posicionamento contundente, e não indicam planos, aprofundam diagnósticos ou citam caminhos para soluções.
Lula, por exemplo, mesmo sendo o líder em publicações, dedicou-se basicamente a tratar de encontros com líderes que tinham o meio ambiente como pauta, além de mencionar a importância do desenvolvimento sustentável e comparar as conquistas de seu governo com os dados do atual.
Com a aproximação da campanha, o ex-presidente realizou no mês de julho duas publicações sobre a Amazônia em seu Twitter, seguindo o mesmo tom.
“Nós tínhamos diminuído o desmatamento na Amazônia em 80% e estávamos fazendo a maior demarcação de Terras Indígenas no país, mas, desde 2016, quem governa o país não se preocupa com isso. Nós vamos voltar a cuidar do nosso meio ambiente e futuro”, postou Lula em sua conta de Twitter no último dia 05 de julho, sem indicar nenhum tipo de plano. Poucos dias antes, em postagem de 2 de julho, Lula afirmou que para defender a Amazônia é necessário barrar o avanço do garimpo em Terras Indígenas.
O principal uso realizado nas redes por Ciro Gomes por mais de um ano no que se refere às pautas ambientais teve como foco basicamente a crítica ao governo Bolsonaro e a defesa de um projeto de desenvolvimento sustentável para o país, além da construção de uma ecologia capaz de proteger os povos indígenas, mais uma vez sem grandes detalhamentos de como isso seria.
Você de novo Leo?
No mesmo período, Jair Bolsonaro tratou o meio ambiente como uma espécie de slogan, ignorando as críticas sofridas pelo seu governo e as estatísticas que apontam números recordes de desmatamento sob sua gestão.
O seu olhar se voltou com especial atenção à visita do empresário Elon Musk ao território para discutir o monitoramento do bioma. Tema em que ele recorrentemente cita em seu plano de governo também em crítica direta ao atual modelo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Suas últimas postagens com tema amazônico também se voltaram para o exterior – mas, desta vez, para criticar o ator americano Leonardo DiCaprio por fazer uma publicação a respeito dos altos índices de desmatamento no Twitter.
Já Simone Tebet, embora durante um ano tenha usado suas redes para falar sobre visitas realizadas a estados como Mato Grosso do Sul e Pará, e que teriam o meio ambiente como tema, realizou postagens mais direcionadas à Amazônia no último mês de julho em seu Twitter e Instagram.
“As forças armadas têm expertise e interesse em proteger a Amazônia. Não dá para jogar a responsabilidade na instituição se o Governo federal não fornece estrutura, interesse, apoio, logística e um trabalho coordenado com os governos estaduais”, publicou no Twitter em 25 de julho, complementando em outras postagens que “se der essas ferramentas para as Forças Armadas , é possível proteger a Amazônia da forma correta”.
Tebet defende ainda que os órgãos de fiscalização e controle precisam estar no centro da pauta, para que sejam cumpridos os acordos internacionais, como o acordo de Paris. No tweet seguinte e seu último sobre a Amazônia, em 1 de agosto, defendeu a importância de uma economia verde para a atração de novos investimentos, praticamente repetindo o mesmo discurso de todos os outros candidatos na pré-campanha.
Fonte: O Eco
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