O secretário-geral da ONU, António Guterres, abriu nesta 2ª feira (27/6), em Lisboa, a 2ª Conferência sobre Oceanos. O encontro acontece em um momento-chave para os esforços de proteção ambiental marinha. Relatórios científicos recentes evidenciaram a situação desastrosa observada em muitos ecossistemas marinhos ao redor do mundo, que sofrem com os impactos da mudança do clima, da poluição da água e da acidificação. No entanto, os esforços políticos dos países para reverter o cenário têm sido vagos, quando não inexistentes.
“O estado em que os oceanos se encontram é muito mau. Nós temos tido a deterioração do sistema oceânico da Terra e continuamos todos os anos a depositar mais de 11 milhões de toneladas de plástico nos mares”, observouGuterres. “Espero muito por essa conferência, para que ela possa nos trazer um plano de ação global, que depois possa ser aplicado regionalmente aos países”.
A despeito do otimismo do líder português, as expectativas para a reunião em Lisboa não são positivas. “Os oceanos não têm estado nas mesas de negociação, nem nas prioridades políticas, nem nas econômicas”, lamentou Tiago Pitta e Cunha, da ONG lusitana Fundação Oceano Azul, à Folha. “Os últimos 20 anos foram verdadeiramente perdidos para a causa dos oceanos em nível mundial”.
Já o g1 ouviu especialistas e elencou os principais desafios para a proteção dos oceanos: a poluição por plásticos, o desenvolvimento da economia do mar, a acidificação do oceano, a elevação dos níveis dos mares e a pesca predatória. Ao mesmo tempo, como destacou o professor Alexandre Turra, da USP, um dos focos da conferência deve ser a comunicação desses desafios para o grande público, que ainda desconhece a situação. “É a promoção de cultura oceânica, que é fazer com que o oceano chegue na cabeça, no coração e na alma das pessoas. Mais de 70 milhões de brasileiros nunca viram o mar, por exemplo. Então a gente tem um desafio enorme que é levar a importância do mar para essas pessoas também”.
Em tempo: A rodada de conversas da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU que aconteceu na semana passada trouxe muitas incertezas sobre a possibilidade de um novo acordo global para proteção da biodiversidade. Os negociadores aprovaram no domingo (25/6), no Quênia, o rascunho principal do acordo. No entanto, como observou Ana Carolina Amaral na Folha, os principais pontos da proposta – como a meta de proteger 30% dos territórios globais até 2030 – seguem em aberto, o que prenuncia conversas duras entre os governos quando a COP15 da CDB for retomada no final do ano no Canadá. A Reuterstambém repercutiu a notícia.
Texto publicado originalmente em Clima INFO
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