Depois de anos negligenciando o tema, a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente se reunirá em fevereiro e março para iniciar a redação do primeiro tratado internacional visando o controle da poluição global por plásticos. Inger Andersen, Diretora Executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, declarou em entrevista publicada no site do PNUMA que o acordo deverá estar concluído na Assembleia de 2023.
Embora a maioria das nações tenha concordado em participar, o escopo e os prazos de tal acordo não estão definidos. Muitos países, ONGs ambientais e representantes da indústria têm expressado ideias muito diferentes sobre o que deve ser incluído. Quem acompanhou o tratado global sobre alguns dos gases que poluem a atmosfera e alteram o clima sabe bem o que isso significa.
E por falar em clima, um relatório de 2019 do Center for International Environmental Law, citado em matéria da EcoWatch, informa que “nos níveis atuais, as emissões de gases de efeito estufa do ciclo de vida do plástico ameaçam a capacidade da comunidade global de manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5°C. Com as indústrias petroquímica e plástica planejando uma expansão maciça na produção, o problema está a caminho de piorar muito.” Esse relatório prevê ainda que se nada for feito, o acúmulo de plástico até 2050 pode atingir mais de 56 gigatoneladas, ou 10% a 13% do orçamento de carbono restante.
Números da ONU citados pela Mongabay dão conta que a cada ano a humanidade usa 500 bilhões de sacolas plásticas e cerca de 13 milhões de toneladas de plástico acabam nos oceanos, onde o plástico mata 100 mil animais marinhos por ano. Atualmente, a produção anual de plástico atinge cerca de 400 milhões de toneladas, sendo que somente 12% são incinerados e apenas 9% são reciclados. O restante é descartado em aterros ou lançado no meio ambiente, incluindo os oceanos.
Um relatório lançado ontem (8/2) pelo WWF indica que o lixo plástico no oceano deve quadruplicar até 2050 se nada for feito. Elaborado a partir da revisão de mais de 2,5 mil estudos, o relatório informa que 88% das espécies marinhas estudadas foram impactadas negativamente pelo plástico: até 90% de todas as aves marinhas e 52% de todas as tartarugas marinhas já ingerem plástico.
O caso específico das tartarugas marinhas no Golfo Pérsico foi retratado pela AP. O texto observa que elas sobreviveram à extinção em massa que eliminou os dinossauros da terra, mas estão em risco de desaparecimento pela ingestão de sacolas e outros dejetos plásticos. A situação é tão grave que mesmo que a produção de plástico fosse paralisada, o volume de microplásticos duplicaria até 2050, devido ao que já existe no meio ambiente. DW, Terra e Isto é Dinheiro trazem mais detalhes.
Em tempo: Hoje tem início o One Ocean, encontro de cúpula de três dias convocado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, como destaque da presidência da UE de seis meses da França. São esperados 40 líderes mundiais, que devem estabelecer “compromissos ambiciosos e concretos” para combater a pesca ilegal, descarbonizar o transporte marítimo e também reduzir a poluição plástica. A notícia é do britânico Guardian.
Fonte: ClimaInfo
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