A crise climática está se intensificando e a humanidade corre contra o tempo e contra a própria inação para conter esse processo e evitar o pior. O alerta, da Organização Meteorológica Mundial (WMO), foi divulgado nesta 4a feira (18/5) no relatório sobre o Estado do Clima Global em 2021. De acordo com o documento, quatro indicadores-chave de mudança do clima – concentração de gases de efeito estufa, aumento do nível do mar, temperatura oceânica e acidificação do mar – atingiram novos recordes no ano passado.
De acordo com o relatório, a temperatura média global em 2021 foi cerca de 1,11oC acima dos níveis pré-industriais, o que colocou o ano passado entre os sete mais quentes já registrados – aliás, os últimos sete anos ocupam o top 7deste ranking. O índice é preocupante, já que a ocorrência do La Niña no começo e no final de 2021 teve como efeito um resfriamento temporário do planeta, o que foi suficiente para aliviar o aumento de temperatura, mas não reverter a tendência observada nos últimos anos.
Além do aumento da temperatura média, o relatório destacou o crescimento da concentração de CO2 na atmosfera, que chegou a 413,2 partes por milhão (ppm) no ano passado, 149% superior aos do período pré-industrial. A temperatura oceânica também preocupa: os registros de áreas de profundidade superior a 2 mil metros continuaram indicando um aumento da temperatura nas profundezas dos oceanos, uma mudança irreversível mesmo no longo prazo (milhares de anos). Ao mesmo tempo, os oceanos absorveram cerca de 23% das emissões anuais de CO2 antropogênico, o que aumentou o índice de acidez da água, ameaçando os organismos e os ecossistemas marinhos. Por fim, o nível médio global do mar subiu em média 4,5 mm por ano no período de 2013 a 2021, mais do que o dobro da taxa observada entre 1993 e 2002.
O cenário que se desenha é desafiador: ou governos e empresas “viram a chave” da ação climática ainda nesta década, diminuindo significativamente as emissões de gases de efeito estufa, ou o clima global experimentará transformações potencialmente desastrosas nas próximas décadas. “O relatório apresenta um rosário sombrio do fracasso da humanidade em lidar com as mudanças climáticas”, observou o secretário-geral da ONU, António Guterres, que também destacou a importância dos países avançarem rapidamente com a adoção de fontes renováveis de energia. Nesse sentido, ele propôs um conjunto de ações críticas para impulsionar a transição energética; entre elas, um maior acesso à tecnologia e suprimentos de energia renovável, triplicar os investimentos públicos e privados em geração renovável, e acabar com os subsídios governamentais aos combustíveis fósseis.
Os puxões de orelha foram generalizados, e o Brasil ganhou algum destaque no lançamento do relatório. No evento de apresentação, o secretário-geral da WMO Petteri Taalas observou que “o desmatamento na região da Amazônia tem tido um grande impacto sobre o clima e, se você acrescentar esse componente às outras emissões vindas da América Latina, ele tem uma grande contribuição”. O chefe da WMO pediu às autoridades brasileiras que atuem para conter o quanto antes o desmatamento e priorizem a recuperação das áreas degradadas e o plantio de novas florestas. O Globo e Valor destacaram esse ponto.
O relatório da WMO teve ampla repercussão na imprensa, com manchetes em veículos como CNN Brasil, g1, Metrópoles, Poder360, RFI e UOL, além de destaques no exterior na Associated Press, Bloomberg, CNN, Deutsche Welle, Guardian e Reuters, entre outros. O Observatório do Clima também escreveu sobre o relatório.
Fonte: Clima Info
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