A explosão recente nos preços internacionais do petróleo e do gás natural impulsionada pelos efeitos da invasão russa à Ucrânia trouxe uma oportunidade inesperada de bonança financeira à indústria fóssil – que, aliás, pode ser sua última. Exatamente por isso, as gigantes do setor estão se mobilizando para aproveitá-la o quanto for possível, mesmo que às custas de qualquer possibilidade do mundo reduzir as emissões de carbono nesta década e viabilizar as metas do Acordo de Paris.
Fiona Harvey fez um apanhado desse cenário no Guardian. Por ora, ao menos publicamente, empresas como BP, Shell, ExxonMobil e Total demonstram cautela com as perspectivas de curto e médio prazo para o mercado dos combustíveis fósseis. Isso porque o longo prazo é preocupante para o setor. Diversos países estão reforçando compromissos com metas de descarbonização para 2030 e além, o que exigirá alguma redução no consumo de petróleo e gás. Nesse equilíbrio de interesses mais e menos imediatos, o que parece evidente para analistas é que a indústria fóssil ganhou força na queda de braço com os governos em torno da transição energética nesta década.
Mas a incerteza sobre o cenário imediato ainda é significativa, especialmente no que diz respeito à posição da Rússia no mercado global. Um isolamento prolongado das reservas russas, que representam mais de 10% do total global, pode mudar o tabuleiro geopolítico do setor. Como a Economist observou, as sanções ocidentais à Rússia criam um outro problema de oferta de petróleo, o que pode fortalecer a posição dos países da OPEP. Por outro lado, o Financial Times destacou como a moratória da compra de petróleo russo por EUA e Reino Unido, anunciada nesta semana, pode ter efeito nulo sobre as vendas de combustível fóssil da Rússia no mercado global.
Fonte: Clima info
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