Os últimos meses não foram fáceis para quem trabalha com ciência climática. O relatório recente do IPCC e a divulgação de novos estudos e análises sobre a situação do clima na Terra abriram uma Caixa de Pandora de notícias ruins que, se lidas sem certo cuidado, podem fazer com que o leitor se coloque em uma armadilha. Como incentivar a ação quando as evidências mostram que a margem para ela está ficando cada vez mais estreita?
A ansiedade climática, termo que ganhou destaque recente na imprensa por conta da angústia sofrida pelos jovens com as perspectivas futuras cada vez mais críticas, também é um problema para os cientistas, que precisam encontrar esperança nos pequenos detalhes para conseguir enfrentar um desafio cada vez maior e mais complicado. “A esperança é ver um caminho, mesmo que o caminho pareça muito, muito distante”, disse Janet Swim, professora de psicologia da Pennsylvania State University (EUA), à Associated Press.
A diretora do Programa da ONU para o Meio Ambiente, Inger Andersen, vai na mesma linha, em defesa de um “otimismo realista” para seguir trabalhando contra a torrente de dados ruins e projeções sombrias para o futuro. “Não quero ser ingênua ao ser uma ‘otimista realista’, mas a alternativa a isso é fechar os ouvidos e esperar pelo Dia do Juízo Final ou festejar enquanto a orquestra do Titanic toca”.
Para quem lê essas notícias, como nosso leitor aqui, o dilema é parecido. Se nos deixarmos levar pelas manchetes, não há mais nada a se fazer. Não temos uma resposta para isso, mas podemos sinalizar um caminho possível: enquanto houver chance, considerando a gravidade da crise e como ela pode afetar o planeta que deixaremos para nossos filhos e netos, precisamos seguir lutando. Como diz o ditado, a esperança é a última que morre.
Fonte: Clima Info
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