A segunda edição do Festival de Investimentos e Negócios de Impacto na Amazônia ocorre nos dias 29 e 30 de novembro, em Manaus. O evento se dá no momento em que novo presidente eleito sinaliza sensibilidade à agenda de desenvolvimento sustentável
Por Mariano Cenamo e Mônica C. Ribeiro
No momento em que os olhos do mundo miram os resultados da COP27, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, e em que há expectativas positivas para a retomada da relevância Brasil nesse aspecto a partir de 2023, a Amazônia continua em evidência como a fonte maior de nossas emissões de carbono devido ao desmatamento e à atividade agropecuária.
Na COP26, realizada no ano passado, foi aprovada a Declaração de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra, conectando de maneira muito direta a conservação e preservação de florestas ao combate à emergência climática. A declaração teve um desdobramento nos primeiros dias da conferência deste ano com a Parceria de Líderes para Floresta e Clima, incluindo as nações que detêm as principais florestas tropicais do mundo – Colômbia, Equador, países da África, Ásia e Oceania –, a União Europeia e 26 países. Juntos, os integrantes da Parceria representam mais de 33% das florestas do mundo e quase 60% do PIB mundial. O Brasil ficou de fora.
Nosso país deixou de lado a proteção das florestas brasileiras e a Amazônia tem amargado os maiores índices de desmatamento nos últimos anos, além de apresentar grave risco de vida de defensores e desrespeito aos direitos dos povos indígenas e das comunidades que vivem da conservação da floresta.
Na contramão de tudo isso, um grupo pioneiro de empreendedores, empresas, ONGs, aceleradoras e investidores privados e filantrópicos vem estruturando na região um ecossistema promissor de negócios que geram impacto positivo para o meio ambiente e para as populações que vivem na Amazônia. E é sobre isso – desenvolver e apoiar uma nova geração de empreendedores e empreendedoras inovadores que visam o cuidado com a floresta –, que trata o 2º Festival de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia (Fiinsa).
O evento será realizado em Manaus, nos dias 29 e 30 de novembro, reunindo empreendedores, investidores, financiadores, academia, organizações da sociedade civil e outros atores para debater caminhos, oportunidades e desafios para o desenvolvimento do ecossistema de impacto amazônico, a bioeconomia e o futuro da maior floresta tropical do planeta.
Organizado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) e pelo Impact Hub Manaus, a segunda edição do Fiinsa é correalizada pela Amaz Aceleradora de Impacto, Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), Uma Concertação pela Amazônia e Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e conta com apoio e parceria de dezenas de outras organizações.
A programação oferecida aos participantes está organizada em cinco trilhas que ajudam a entender como estruturar esse ecossistema de impacto a partir de experiências consolidadas, novos arranjos de investimento híbrido (blended finance), desafios e oportunidades no contexto atual. As trilhas são: Estruturando o ecossistema; Financiamento e acesso a capital; Pesquisa, desenvolvimento e inovação; Comunidades; e Desafios do empreendedorismo.
Será um grande encontro para discutir a Amazônia a partir da própria região e seus empreendedores. Explorar caminhos já trilhados e outros ainda possíveis no desenvolvimento e escala desses negócios, modalidades de financiamento, atuação em rede, pesquisa e desenvolvimento, acesso a mercados, relacionamento entre grandes marcas e comunidades, turismo de base comunitária, mercados de carbono, restauração florestal, ferramentas inovadoras para fomentar a conservação e a restauração, dentre muitos outros temas.
A segunda edição do Fiinsa ocorre em um momento fundamental, no qual o Brasil precisa decidir o que espera para seu futuro, tendo as brasileiras e os brasileiros eleito um novo presidente que sinaliza sensibilidade a essa agenda de conservação e preservação da Amazônia.
A agenda de um desenvolvimento virtuoso da bioeconomia, em que a floresta valha mais em pé e gere renda para suas populações, tem sido pouco apoiada em comparação com as ações voltadas à fiscalização e comando e controle – ainda que tudo isso tenha sido desmontado nos últimos quatro anos.
É tempo de retomar a conservação da floresta e a geração de prosperidade para a população local, com fomento e apoio a um novo modelo de desenvolvimento.
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