As “digitais” de madeireiros e garimpeiros que tentam invadir a terra indígena Sawré Muybu ameaçando o Povo Munduruku às margens do rio Tapajós, no Pará, estão sendo flagradas com o apoio da tecnologia. Câmeras, drone e celular são as ferramentas usadas por jovens do Coletivo Audiovisual Munduruku Deje Kapap Eypi para registrar e denunciar a escalada de invasões e ameaças.
O website Repórter Brasil acompanhou uma semana de trabalho de fortalecimento da luta do Povo Munduruku a partir da comunicação e do uso da tecnologia. “Muitas pessoas só acreditam vendo”, justificou uma das jovens ouvidas pela reportagem.
A insegurança aumentou após a eleição do atual presidente. Nos três primeiros anos do governo Bolsonaro, o desmatamento em Terras Indígenas cresceu 138% em relação aos três anos anteriores, de acordo com o Instituto Socioambiental. O Greenpeace apontou que o garimpo ilegal já destruiu mais de 600 quilômetros de rios dentro das terras Munduruku nos últimos cinco anos.
Se, por um lado, a tecnologia e as redes sociais estão à disposição da preservação de etnias e Terras Indígenas, por outro, também são usadas a favor da desinformação. O InfoAmazonia revelou como o aplicativo Telegram (concorrente do WhatsApp) foi usado para disseminar o filme negacionista “Cortina de Fumaça”.
A reportagem ouviu autores de um estudo que mapeou quatro milhões de mensagens em 42 grupos e 108 canais de extrema-direita no Telegram. O aplicativo móvel de mensagens, que chegou ao Brasil em 2016, foi o que mais cresceu no país em 2021, e está sendo usado pela extrema-direita. O canal do presidente, por exemplo, tem mais de um milhão de inscritos.
O InfoAmazonia lançou também o projeto “Amazonas – Mentira tem Preço” – um antídoto às fake news a partir do bom jornalismo. Uma das reportagens mostra, por exemplo, que lideranças indígenas do Amazonas e a própria demarcação de suas terras estão sob ataque em grupos de WhatsApp. A série completa está aqui.
Em tempo 1: A 5ª Turma do Tribunal Regional Federal anulou por unanimidade autorizações para exploração mineral nas Terras Indígenas Parakanã e Trocará, na região de Tucuruí, no Pará, informa o g1. O tribunal rejeitou as apelações da Vale e da Agência Nacional de Mineração. Enquanto isso, aumenta o burburinho de que o presidente Jair Bolsonaro vai anunciar pessoalmente aos garimpeiros a retomada da mineração em Serra Pelada, o maior garimpo a céu aberto do mundo, localizado no Pará. O InfoAmazonia repercutiu o caso.
Em tempo 2: Em reportagem da série “Amazônia sob Bolsonaro – Os desafios para manter a floresta em pé”, a Folha explorou como o Povo Denis, um dos que aderiram ao manejo do pirarucu no Médio Juruá, no Amazonas, está garantindo renda a partir da proteção do maior peixe de escamas de água doce do mundo. O manejo da espécie já assegurou um crescimento de 425% na população da espécie, que pode chegar a 200 quilos e medir três metros. Toda a produção é adquirida pela Associação dos Produtores Rurais de Carauari ao preço de R$ 7 por quilo, “o valor mais alto do Amazonas”.
Fonte: ClimaInfo
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