Montadora alemã espera reduzir quase 50% na pegada de carbono das viagens aéreas realizadas pelos funcionários durante a temporada da Fórmula 1
Por Ana Guerra EPBR
RECIFE — A Mercedes-AMG PETRONAS Formula 1 Team anunciou nesta quarta (20/7) que investirá em combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês) como parte dos esforços para reduzir as emissões de carbono e tornar-se neutra em carbono até 2030. Com o anúncio, a montadora alemã passa a ser a primeira equipe esportiva do mundo a se comprometer com o SAF.
Em nota emitida à imprensa, a equipe informou que, ao adquirir as declarações de SAF, a Mercedes pode reduzir quase 50% na pegada de carbono das viagens aéreas realizadas pelos funcionários durante a temporada da Fórmula 1, que conta com 22 corridas em diferentes continentes, como Europa, Ásia, Américas e Oceania.
“O SAF se tornará um componente significativo da estratégia de sustentabilidade da nossa equipe, refletindo nosso desejo de impulsionar a mudança na Fórmula 1 para corridas mais sustentáveis”, diz o grupo.
A compra de combustível de aviação sustentável será usada para as emissões indiretas (Escopo 3), que estão excluídas do limite de custo da Fórmula 1, como voos para locais de Grande Prêmio e outras viagens aéreas de negócios.
Ainda sem valores de investimentos divulgados, a montadora afirmou que suprirá as emissões de carbono restantes da aviação com compensações Gold Standard, enquanto trabalha com a indústria para dimensionar a disponibilidade de SAF, hoje ainda limitada.
“Acreditamos que o SAF pode mudar a maneira como os esportes e os negócios em geral, como alguns dos maiores usuários da aviação, podem exercer uma influência positiva no mundo. Esperamos desempenhar um papel de liderança na demonstração do que é possível com o SAF e provar a outras indústrias o que pode ser alcançado”, afirma Alice Ashpitel, gerente de sustentabilidade e meio ambiente da equipe Mercedes-AMG PETRONAS F1.
Corrida para o líquido zero
A ação da montadora oito vezes campeã da maior categoria do automobilismo soma-se aos planos de emissões líquidas zero da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Desde 2019 a FIA tem metas como desenvolvimento de um combustível 100% sustentável seus carros e revisão da logística de viagens e frete dos equipamentos.
A medida é uma parceria da Federação com a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Comitê Olímpico Internacional (COI) com base no Acordo de Paris, e que pretende desenvolver ações climáticas, investimento em tecnologia e adesão às práticas sustentáveis na modalidade.
No ano passado, as fabricantes Mercedes, Honda, Ferrari e Renault receberam barris com os biocombustíveis para testes.
“Após a introdução bem-sucedida nesta temporada do combustível E10 – composto por 10% de etanol, que reduzirá as emissões de CO2 em geral – a F1 está trabalhando com o parceiro Aramco e todos os principais fabricantes de combustível da F1 para desenvolver um combustível 100% sustentável a ser introduzido com um novo motor fórmula em 2026”, informou a FIA.
Será um combustível drop-in, assim chamado porque pode ser usado da mesma forma em carros de estrada, que utilizam motores tradicionais de combustão interna. A F1 também trabalhará em estreita colaboração com a Fórmula 2 e a Fórmula 3 para testar os combustíveis sustentáveis.
Outras categorias do automobilismo já utilizavam carros com sistemas elétricos, como a Fórmula E, além da IndyCar, que já operava com o uso de etanol e também adotará sistemas híbridos a partir de 2023.
Neste cenário de mudanças, a Honda decidiu abandonar a fabricação de motores para a Fórmula 1 em 2022 para se dedicar exclusivamente à produção de tecnologias limpas, sem emissão de carbono.
Para além do olhar institucional, os projetos para reduzir as emissões no esporte tornaram-se pautas frequentes devido às discussões sobre meio ambiente e protestos feitos durante os finais de semanas de Grandes Prêmios pelos pilotos Lewis Hamilton e Sebastian Vettel — este, inclusive, se locomove entre os circuitos realizados no mesmo continente de trem.
Desde então, a categoria vem trabalhando com as dez equipes do grid, promotores de corrida, parceiros, fornecedores, emissoras e a própria FIA para reduzir a pegada de carbono no esporte. Os escritórios da F1 passaram a operar utilizando em sua totalidade energia renovável.
Além dos carros, a direção da categoria informou que há planos para construir futuros calendários com melhores logísticas de frete e viagens, e que estuda medidas de redução de carbono para os fãs que viajam para os eventos da categoria.
Texto publicado originalmente por EPBR
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