Pesquisa analisa a produção de mel em três comunidades amazônicas.
A criação de abelhas sem ferrão para a produção de mel, própolis, entre outros itens, já é fonte de renda para comunidades amazônicas no Peru. Pesquisadores agora buscam impulsionar o desenvolvimento sustentável desta prática, ampliando as possibilidades de negócio.
Exemplo disso é o estudo “Práticas de manejo e características do mel de Melipona eburnea Friese na Amazônia peruana” de pesquisadores do Instituto de Investigaciones de la Amazonía Peruana. A pesquisa de campo avaliou as características físico-químicas e microbiológicas do mel produzido em três comunidades e quatro espécies distintas de abelhas sem ferrão.
O estudo buscou jogar luz sobre a qualidade do mel e também abordar as poucas técnicas de manejo que freiam a meliponicultura. Isto é, a criação racional de abelhas sem ferrão – prática milenar dos povos nativos da América Latina.
“Com a adaptação da técnica de criação de abelhas em caixas racionais, a produção de mel variou de 140 ml a 900 ml por colônia, em um período de três meses para M. eburnea, o que significa quatro vezes mais que a produção em troncos tradicionais, ou extrativismo”, aponta o estudo.
Já quanto às características do mel, a umidade e o teor de açúcar não mudaram significativamente entre as diferentes espécies de Meliponas estudadas. “A pesquisa mostra que o mel de abelhas sem ferrão pode ser coletado depois de três meses, momento no qual suas características físico-químicas são estáveis e microbiologicamente aptas para o consumo humano”, explica Cezar Delgado, um dos autores da pesquisa.
Ainda assim, a análise dos teores químicos produzida pela pesquisa permitiu aumentar o preço do mel de abelha nativa, de 3 dólares para 27 dólares por embalagem de 600 ml, em algumas comunidades. Ou seja, uma aplicação prática do potencial de tal setor.
A pesquisa ainda aponta o caminho da produção sustentável, que não danifique os ninhos selvagens. A ideia é que sirva como base para estabelecer políticas de promoção e preservação das abelhas nativas.
“Para a conservação, é preciso evitar que as pessoas cortem as árvores para obter o mel, bem como incrementar o rendimento da produção. Também é preciso oferecer informação dos parâmetros de qualidade da mel e melhorar os ingressos de pequenos produtores ou a agricultura familiar, tornando-o em uma atividade rentável”, destaca Delgado.
Mel medicinal
Além de fonte de renda, o mel é essencial dentro de algumas comunidades por suas propriedades medicinais. É comum o uso do mel de abelha sem ferrão para tratar resfriados, cortes e escoriações, doenças da pele, infecções do trato respiratório, problemas gastrointestinais, pneumonia, queimaduras e artrite. Cada efeito pode variar a depender da dieta das abelhas.
“A ampla utilização do mel sem ferrão na medicina tradicional, a crescente evidência científica da presença de compostos químicos e seus efeitos curativos para diversas doenças são fatores que favorecem o crescimento local e regional do mercado desse produto”, conclui o estudo.
Confira a pesquisa na íntegra.
Fonte: CicloVivo
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