Dezenas de manifestantes de diversos países, acompanhados de líderes indígenas brasileiros, fizeram um protesto na manhã desta quarta na entrada de um porto na Holanda. Em botes, os ativistas bloquearam a passagem de um navio gigante, uma embarcação com 225 metros, carregando 60 mil toneladas de soja proveniente do Brasil.
Além disso, o barco “Beluga”, da organização ambiental Greenpeace também participava do ato contra o desmatamento. Através de cartazes e uma faixa com a frase “UE: pare a destruição da natureza agora”, os protestantes exigiam que as autoridades europeias aprovem um projeto de lei que enfrente de maneira mais eficiente a entrada de produtos originários de áreas de desmatamento em diversos países.
“Há um rascunho de um projeto de lei na mesa da União Europeia que pode acabar com a cumplicidade da Europa na destruição da natureza, mas está longe de ser forte o suficiente. Centenas de navios transportando soja para ração animal, carne e óleo de palma chegam aos nossos portos todos os anos. Os europeus podem não dirigir as escavadeiras, mas por meio desse comércio, a Europa compartilha a responsabilidade pelo corte raso em Bornéu e pelos incêndios no Brasil. Acabaremos com esse bloqueio se a ministra van der Wal [Christianne van der Wal, ministra da Natureza e Política de Nitrogênio da Holanda] e outros ministros da UE anunciarem publicamente que vão corrigir o projeto de lei para proteger a natureza do consumo europeu”, disse Andy Palmen, diretor do Greenpeace Holanda.
A União Europeia anunciou no final do ano passado a intenção de aprovar uma lei que proíbe a importação de produtos do agronegócio relacionados ao desmatamento e à degradação de florestas. Entre eles, estão a soja e a carne bovina – que são algumas das principais commodities vendidas pelo Brasil -, mas também de cacau, café e óleo de palma, além de produtos derivados, como móveis e couro (leia mais aqui).
Entre os indígenas que participaram do ato estava o cacique Alberto Terena. “Fomos expulsos de nossas terras e nossos rios foram poluídos com veneno, tudo para abrir espaço para a expansão do agronegócio. A Europa partilha a responsabilidade pela destruição das nossas casas. Mas esta legislação pode ajudar a impedir a destruição futura. Apelamos aos ministros para que aproveitem esta oportunidade, não apenas para garantir os direitos dos povos indígenas, mas também para o futuro do planeta. A produção de ração para seus animais industriais e a carne bovina importada não devem mais significar nosso sofrimento”, denunciou.
Ministros do Meio Ambiente dos 27 países da União Europeia se reunirão no dia 28 de junho para discutir o projeto de lei anti-desmatamento.
Fonte: Conexão Planeta
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