Manifestações bolsonaristas que rejeitam aceitar o resultado das eleições já afetam postos de combustíveis, mercados e indústrias
As manifestações antidemocráticas de bolsonaristas por estradas do país podem provocar desabastecimento de medicamentos e vacinas por todo o país. O alerta é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Em documento enviado aos ministérios da Saúde, Justiça e Casa Civil; ao Ministério Público Federal (MPF); ao Supremo Tribunal Federal (STF); ao Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e ao Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), a Anvisa afirma que o risco está no horizonte.
“Já preocupa o risco de desabastecimento, passível de gerar impactos na cadeia de suprimentos de saúde, caso não se efetive um pronto reestabelecimento do transporte correlato ao tema. É mister assegurar o ir e vir de pessoas e cargas, como fator sustentador de uma oferta constante e fluida de produtos e serviços de saúde, num cenário sanitário, ainda com incertezas”, afirma o documento, obtido pelo canal CNN.
Segundo o levantamento mais recente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), ainda havia cerca de 150 bloqueios e interdições em rodovias federais pelo país no início da tarde desta quarta-feira (2). Outras 631 concentrações haviam sido desfeitas. Em alguns casos, mesmo com ações policiais para dissipar os movimentos, os protestos prosseguiam. Foi o que aconteceu, por exemplo, na Rodovia Castello Branco, em Barueri, na Grande São Paulo.
Setores já sentem impactos
A manifestação da Anvisa mostra uma preocupação do setor da saúde, mas outras áreas já sofrem impactos diretos das manifestações golpistas. O setor de combustíveis, por exemplo, identificou desabastecimento em diversos estados.
“Até aqui, são casos pontuais de falta de combustíveis. O que está nos chamando atenção é uma parte do estado de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás. Essas regiões concentram os bloqueios que estão afetando o transporte rodoviário de combustível”, afirmou o presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), James Thorp, à revista Exame.
O problema dos combustíveis também preocupa a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A entidade emitiu nota falando sobre risco de desabastecimento de insumos e falta de combustíveis. “As indústrias já sentem impactos no escoamento da produção e relatam casos de impossibilidade do deslocamento de trabalhadores”, afirmou a entidade.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o prejuízo diário com os bloqueios pode superar o registrado na greve de caminhoneiros em 2018, já que o setor mudou muito durante a pandemia e hoje o volume de cargas entregues é maior.
Já a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) procurou o candidato derrotado no segundo turno das eleições presidenciais, Jair Bolsonaro (PL), para que intervenha. Segundo o UOL, o presidente da entidade informou que o setor já começa a enfrentar dificuldades de abastecimento.
Fonte: Brasil de Fato
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