“A expansão da urbanização tem impactos no consumo dos recursos naturais, na qualidade de vida e, de uma maneira geral, na sustentabilidade urbana, mas quando falamos das favelas, além disso, há uma chance muito grande do aumento de ocupação de áreas de risco por populações mais vulneráveis”, explicou Julio Cesar Predrassoli, do MapBiomas.
Manaus é a cidade com maior crescimento de área de favelas no Brasil, mostra o MapBiomas, estudo sobre áreas urbanizadas a partir da análise de imagens de satélite captadas entre 1985 e 2021. O estudo foi divulgado nesta sexta-feira (4).
O levantamento mostra que em Manaus foram contabilizados 23,5 mil hectares de áreas urbanizadas formais no último ano. Considerando o intervalo de 1985 a 2021, houve um aumento de 274% na expansão urbana da capital. Desse total, 9.549 hectares são de áreas urbanizadas em invasões, equivalente a cerca de 10 mil campos de futebol, um crescimento de 44,9% nas áreas de favela.
Para fins de comparação, a cidade de São Paulo, que aparece em segundo lugar no ranking, registrou 5.579 ha de áreas de favela em 2021, seguida por Belém (5.450 ha), Rio de Janeiro (5.038 ha) e Salvador (4.793 ha).
Em todo o Brasil, as áreas urbanizadas passaram de 1,2 milhão de hectares para 3,7 milhões nos últimos 37 anos. Nesse período, as áreas de favelas foram de 106 mil hectares, uma expansão de aproximadamente três vezes a área de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
A região Norte possui 13 das 20 cidades com maior proporção de crescimento. Além da capital Manaus, aparecem Santo Antônio do Içá (com aumento de 65% das áreas de inavsões), Coari (52,8%) e Amaturá (44%) no interior do Amazonas.
Julio Cesar Predrassoli, um dos coordenadores do mapeamento de Áreas Urbanizadas do MapBiomas, afirma que o crescimento das favelas tem um comportamento parecido com o das áreas urbanizadas, mas na década de 90 as áreas informais aceleraram o avanço.
“A expansão da urbanização tem impactos no consumo dos recursos naturais, na qualidade de vida e, de uma maneira geral, na sustentabilidade urbana, mas quando falamos das favelas, além disso, há uma chance muito grande do aumento de ocupação de áreas de risco por populações mais vulneráveis”, explicou Predrassoli.
O levantamento mostrou que a maior expansão das áreas urbanizadas ocorreu sobre áreas de uso agropecuário. Entre 1985 e 2021, os 2,5 milhões de hectares que foram urbanizados eram 67,8% de uso agropecuário: 30,7% eram áreas de pastagens, 30,5% mosaicos de uso e de agricultura eram 6,4%.
“Apesar da agropecuária ter quase 70% de crescimento nas áreas urbanas, é o avanço sobre a vegetação nativa que nos chama atenção. Proporcionalmente, alguns estados perderam mais da metade da sua cobertura natural para as áreas urbanizadas, afetando os ecossistemas naturais em que se inserem as cidades e contribuindo para uma resposta menos eficiente aos desafios climáticos”, aponta Mayumi Hirye, coordenadora do mapeamento de Áreas Urbanizadas do MapBiomas.
Confira o levantamento do MapBiomas completo AQUI.
Fonte: Amazonas Atual com informações do MapBiomas
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