Embora ainda não tenha sido empossado como presidente, Luiz Inácio Lula da Silva é aguardado em Sharm el-Sheikh como um chefe de Estado que chega para fazer vários anúncios e movimentar a COP27. Além da OPEP das Florestas, espera-se que ele anuncie a oferta do Brasil para sediar a cúpula global sobre mudanças climáticas de 2025.
Fontes ouvidas pela Reuters disseram também que Lula planeja anunciar uma revisão das políticas ambientais do Brasil e a criação de uma nova autoridade climática nacional para supervisionar os esforços de todos os ministérios e agências para combater o aquecimento global.
Novo ministro de Lula do Meio Ambiente
Lula não chegou a anunciar que apresentará o seu ministro do Meio Ambiente na conferência do clima, mas aliados ouvidos pel’O Globo dizem que não faria sentido o novo presidente perder essa oportunidade, já que os olhos de ambientalistas de todo o mundo estarão voltados para o Egito. Por isso, a reportagem debate os riscos e oportunidades da indicação de Marina Silva ao cargo. Ainda sobre ministérios: O Globo informa que Lula deve se reunir com Sônia Guajajara durante a COP27 para formalizar o convite para o Ministério dos Povos Originários.
Como escreveu Cristiano Romero em seu artigo no Valor, que resume os motivos da urgência das negociações climáticas e os principais pontos da agenda dos países africanos para esta conferência, “a COP27 é uma oportunidade de ouro para Lula agir como chefe de Estado antes mesmo de receber a faixa presidencial de Jair Bolsonaro”.
Dentro dessa oportunidade, o tema florestas se destaca. Como Ana Carol Amaral explica em sua matéria na Folha, o Brasil é visto por países detentores de florestas como um exemplo de implementação de mecanismos negociados internacionalmente, como o REDD, que paga por resultados em conservação ambiental e que aqui foi executado através do Fundo Amazônia. A jornalista também detalha a disputa pela autoria da ideia dessa articulação, que vem sendo gestada ao longo deste ano (ou seja, sob o governo Bolsonaro) e explica a diferença que ela poderia ter, dependendo de quem tivesse sido eleito no último dia 30.
“Sob Bolsonaro, o esforço de posicionamento conjunto do Brasil com Indonésia e RDC, além de outros países em desenvolvimento com grandes reservas florestais, tem sido na direção de evitar compromissos internacionais para aumentar a proteção ambiental. Sob Lula, a expectativa dos brasileiros e também dos países parceiros é de investimento na cooperação Sul-Sul, marca da gestão petista.”
Lula vai à COP27 por um duplo convite: do presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sissi, e do governador reeleito do Pará, Helder Barbalho, em nome do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal – grupo que reúne alguns dos mais renhidos apoiadores do atual presidente, Jair Bolsonaro. É o caso do coronel Marcos Rocha, de Rondônia, de Antônio Denarium, de Roraima, e de Wilson Lima, do Amazonas. Por outro lado, os gestores do Acre, Gladson Cameli, e de Mato Grosso, Mauro Mendes, já realizaram acenos ao presidente eleito. Essa dualidade foi detalhada pel’((o)) Eco.
Enquanto isso, no mundo paralelo do estande oficial do governo brasileiro em Sharm el-Sheikh, ontem (10) foi dia de falar de agricultura de baixo carbono e Plano ABC – sim, aquele que representa algo em torno de 2% do Plano Safra. O Metrópoles traz os detalhes e também informa que o atual ministro do meio ambiente, Joaquim Levy, deve chegar ao Egito no próximo dia 15.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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