Projeto de restauração da BR-319 divide opiniões entre defensores da ligação do estado com o restante do país, pesquisadores e ambientalistas
O candidato do PT ao cargo de presidente da República, Luíz Inácio Lula da Silva, fez a afirmação em uma referência ao projeto de (re)pavimentação da rodovia construída nos anos 1970 (BR-319), que liga Manaus a Porto Velho (RO). Abandonada há décadas, a estrada é considerada intransitável, sobretudo nos 700 quilômetros que separam Humaitá de Manaus.
A obra é vista com preocupação entre ambientalistas e cientistas diante dos elevados impactos que pode ocasionar para uma das regiões mais bem preservadas do bioma e já ameaçada pelo avanço do desmatamento e queimadas. A região é responsável por levar o Amazonas para o quarto lugar no ranking de queimadas, segundo o sistema Prodes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe.
Segundo o candidato à presidência, com mudanças de formato, o projeto da estrada ainda é viável. “Nós não queremos transformar o estado do Amazonas num santuário da humanidade. Moram milhões de pessoas no estado do Amazonas. Nós temos que dar a essa gente o direito de civilidade, o direito de viver bem, o direito de ir e vir. É plenamente possível você trabalhar corretamente a questão climática, trabalhar corretamente a questão ambiental e você dar a segurança necessária para que possa fazer boas estradas que possam interligar o estado do Amazonas com o restante do país”, disse Lula, em entrevista a uma rádio de Manaus na segunda-feira, 29.
O petista afirmou ser necessário conhecer as exigências ambientais para a reconstrução da BR-319. De acordo com ele, dessa forma, é “plenamente possível” fazer a conexão rodoviária entre o Amazonas e Rondônia, e que a questão pode ser sim discutida. “O que nós não podemos é tentar achar é que existe algum tema proibido. Não existe tema proibido.”, defendeu.
Nesta quarta, 31, o petista cumpriu agenda na cidade, onde visitou o Polo Industrial de Manaus e se reuniu com lideranças indígenas. Maior colégio eleitoral do Norte, com 1,4 milhão de eleitores, a capital do Amazonas tem importante papel no tabuleiro político regional.
A pavimentação da BR-319 é um dos temas sensíveis entre o eleitorado manauense, e é defendida por uma parcela da população para tirar a cidade do isolamento rodoviário com o resto do país.
A cada eleição, a recuperação da rodovia volta aos debates políticos, defendida como promessa de muitos candidatos ao governo e à Presidência. Em 2018, o então candidato e atual presidente, Jair Bolsonaro, prometia acelerar a obra, travada por conta de embates jurídicos em torno dos seus processos de licenciamento ambiental. Mas, só foi agora, em 2022, que o Ibama concedeu a licença prévia para o chamado “trecho do meio” da estrada – uma etapa do processo de licenciamento ambiental para as obras na rodovia federal, que contemplam os municípios de Beruri, Borba, Tapauá, Canutama, Manicoré e Humaitá.
Segundo a pesquisa Ipec/Rede Amazônica divulgada em 25 de agosto, Lula lidera a preferência entre os eleitores do Amazonas na disputa para presidente. Ele tem 48% das intenções de voto, contra 35% de Bolsonaro. A pesquisa consultou 800 eleitores em 20 cidades amazonenses. Ela está registrada no TRE-AM com o número 06012/2022.
Fonte: O Eco
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