Grupo multiprofissional do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP estuda sobre abuso de álcool e outras drogas e trabalha com a divulgação de informações e conscientização sobre os riscos à saúde
Por Leonardo Câmara
Como o serviço de saúde pública pode alcançar a população, especialmente a que enfrenta problemas com o uso de drogas? Difícil reconhecimento, desinformação, preconceitos, distanciamento social e desigualdades são complexos obstáculos a serem ultrapassados quando o assunto é saúde mental. Um caminho encontrado pelo Programa do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (Grea) do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) é a comunicação pelas mídias digitais como Facebook e Instagram.
O Grea, criado por profissionais do IPq em 1981, tem trabalhado as redes sociais para a promoção da saúde relacionada ao uso inapropriado de álcool e diferentes drogas. Funcionando desde 2013, em sua página no Facebook, o projeto leva informações sobre as características das substâncias psicoativas; dependências e transtornos; vulnerabilidade; impacto; e ações de enfrentamento e prevenção.
Canais de comunicação
A equipe mantém redes sociais como Facebook e Instagram para a publicação de informações sobre saúde mental, pesquisas relevantes, divulgação de eventos e de cursos. Os meios são diversos e reúnem textos explicativos, imagens e vídeos com especialistas. Alguns exemplos são Como as drogas são classificadas? e Jovens e o uso de cigarro eletrônico.
Uma das postagens explica o principal mecanismo responsável pela dependência, o prazer. Eles explicam que essa sensação é desenvolvida por um segmento neurológico chamado “sistema de recompensa”, que pode ser ativado para inúmeras tarefas do nosso dia a dia: alimentação, sexo, exposição ao sol, entre outras. O problema ocorre quando uma droga altera o equilíbrio da química envolvida nessas conexões nervosas de modo a ocasionar um prazer mais desejável que os outros.
Outra postagem alerta sobre os efeitos do uso do álcool ou de outras substâncias durante a gravidez. O grupo descreve alguns efeitos a curto prazo como parto prematuro, aborto e malformações ao nascimento. Também destaca que o bebê pode apresentar abstinência após o nascimento. A longo prazo, também há o risco de problemas no desenvolvimento neurológico da criança, transtornos psiquiátricos e diversas doenças relacionadas a outros órgãos.
Além das redes sociais, também é possível acompanhar o trabalho do Grea pelo seu canal no youtube. Nessa plataforma, há a publicação de vídeos mais longos, assim como a divulgação de eventos relacionados à área de estudos específicos ao álcool e a outras drogas e suas correlações com diferentes campos da saúde.
A interdisciplinaridade em saúde mental
O programa foi idealizado na transição dos estudos em psiquiatria pelo mundo, com o progressivo contato entre diversos profissionais de grupos de pesquisa, como o de álcool e o de fármaco-dependência. Inicialmente, a intenção era ampliar o conhecimento sobre o assunto e o atendimento à comunidade. Atualmente, o projeto envolve também a elaboração de cursos, programas de prevenção, consultoria e educação.
O Grea reúne psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, entre outros especialistas, sendo considerado um centro de excelência para tratamento e prevenção de drogas pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad). O grupo se insere nos serviços de atendimento do Ambulatório Geral e da Enfermaria de Comportamento Impulsivo (ECIM); no Programa de Acompanhamento Remoto (PAR) desenvolvido na pandemia da covid-19; no projeto de atenção aos próprios servidores Você HC; em cursos de especialização; nas residências médica e multiprofissional; e nos projetos de pesquisa de pós-graduação.
É possível entrar em contato com o Grea pelo e-mail [email protected] e pelo telefone (11) 2661-7892. Para acompanhar as redes sociais acesse o Facebook e Instagram.
Fonte: Jornal da USP
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