Quando o Congresso ligou o modo tratoraço para tentar aprovar, entre outras boiadas, o PL da mineração em Terras Indígenas (191/2020), chamou a atenção de muita gente. Com o decreto presidencial do dia 14/2, que tentou “tucanar” o garimpo como “mineração artesanal”, jornalistas do Brasil e do exterior passaram a prestar ainda mais atenção no que acontece em Brasília.
Com todos os radares ligados, a 4ª edição do relatório “Cumplicidade na Destruição – Como mineradoras e investidores internacionais contribuem para a violação dos direitos indígenas e ameaçam o futuro da Amazônia” recebeu enorme atenção.
O documento foi produzido por uma parceria entre a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e a Amazon Watch. O Congresso em Foco destacou do relatório o enorme crescimento do desmatamento atrelado à mineração sob a presidência de Jair Bolsonaro: 62%. A Carta Capital apontou para os mais de 160 km2 de desmatamento que ainda estão por vir se o PL 191/2020 for aprovado. O Estado de Minas repercutiu a nota da AFP que coloca Vale, Anglo American, Belo Sun, Glencore, AngloGold Ashanti, Rio Tinto, Potássio do Brasil e Grupo Minsur como as 9 empresas de grande porte que pediram para minerar em áreas indígenas protegidas.
Apenas Vale e AngloGold Ashanti se pronunciaram à Agência Pública, alegando que desistiram de suas solicitações e não sabem porque estas ainda estão ativas, mesma desculpa dada pela Anglo American à BBC News.
A agência de notícias russa Sputnik aproveitou para cutucar Biden, informando que bancos dos EUA (Capital Group, a BlackRock e a Vanguard) investiram mais de US$ 14 bilhões em mineradoras com atividades que impactam diretamente Terras Indígenas na Amazônia.
E não foi só dinheiro estrangeiro que apareceu na apuração das informações do relatório, informa Maurício Ângelo no Observatório da Mineração. O Fundo PREVI (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) é o responsável pelos mais altos investimentos nestas mineradoras, com mais de US$ 7,4 bilhões, seguido pelo Bradesco, com quase US$ 4,4 bilhões e a Caixa Econômica Federal, com US$ 786 milhões.
Segundo dados do projeto Amazônia Minada repercutidos pelo Poder 360, há 2.641 requerimentos de mineração em Terras Indígenas na Amazônia Legal junto à Agência Nacional de Mineração. Os pedidos são de 630 empresas, afetam 197 territórios, em uma área total de 11 milhões de hectares. Quase um terço deste assédio acontece no território Yanomami.
Fonte: ClimaInfo
Comentários