Três meses após os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips no Vale do Javari, norte do Amazonas, a Folha revelou que as operações de fiscalização da FUNAI tiveram uma queda acentuada na região a partir de 2019, na mesma época em que Bruno pediu exoneração do posto de coordenador de Povos Isolados do órgão por pressão política.
Um documento da própria FUNAI mostrou que, o total de operações na região caiu de sete em 2018 para apenas duas em 2021 e, até aqui, outras duas em 2022, ambas acontecendo logo após as mortes de Bruno e Dom.
Além de reduzir a fiscalização, a FUNAI passou a sofrer também com a falta de pessoal, já que o governo Bolsonaro vem travando a realização de concursos para contratação de novos servidores.
Outro problema é a falta de apoio das forças de segurança pública para as operações da FUNAI. Enquanto Bruno era coordenador, efetivos da Polícia Militar do AM ajudaram os agentes da Fundação na expulsão de invasores; depois da sua saída, isso deixou de acontecer.
Enquanto isso, na Terra Indígena Yanomami, o impacto do garimpo praticamente dobrou nos últimos três anos e meio, com a área devastada saltando de 500 hectares para 1.000 hectares sob o governo Bolsonaro. Tal como no Vale do Javari, a falta de fiscalização e o discurso leniente do presidente para com os criminosos ambientais impulsionou a atividade garimpeira no território, intensificando a tensão entre indígenas e invasores.
Um estudo feito por Forensic Architecture (FA) e Climate Litigation Accelerator (CLX) mapeou o impacto do garimpo e documentou episódios de ataques armados de criminosos contra aldeias indígenas, como os que aconteceram na comunidade de Palimiu no ano passado.
“Nossa investigação mostra que eles foram realizados por garimpeiros e provavelmente contou com integrantes da facção criminosa [originária do sistema prisional paulista]”, diz a análise. O UOL deu mais informações.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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