“Acabou a possibilidade de motor de combustão interna na Europa”, disse o grupo verde Transporte e Meio Ambiente (T&E), depois dos governos da União Europeia concordarem em terminar as vendas de automóveis e carrinhas poluentes até 2035, segundo a Associação ZERO.
De acordo com a Associação, o acordo alcançado pelos Ministros do Ambiente na manhã desta quarta-feira, 29 de junho, faz a mudança para veículos zero emissões, permitindo um consenso com o Parlamento Europeu que votou a favor no início deste mês. “Esta decisão quebra o domínio da indústria petrolífera sobre o transporte e dá à Europa uma possibilidade de descarbonização até 2050”, afirma a ZERO, considerando que “hoje é um grande passo em frente para a luta climática, mas também para a poluição do ar e para tornar os veículos elétricos mais acessíveis”.
Embora os ministros tenham concordado que os fabricantes não deveriam receber créditos para suas metas de dióxido de carbono para carros movidos a combustíveis sintéticos, consideraram que a Comissão deveria apresentar novas propostas para permitir o seu uso no futuro. “Os carros movidos a combustíveis sintéticos emitem significativamente mais CO2 do que os veículos elétricos a bateria ao longo de seu ciclo de vida e emitem tantas emissões de óxidos de azoto tóxicas quanto os veículos a gasolina”, lê-se no comunicado da ZERO.
As associações de ambiente, incluindo a Federação Europeia de Transportes e Ambiente de que a ZERO faz parte pedem agora aos eurodeputados que não dêem qualquer possibilidade de fomentar os combustíveis sintéticos, que também são mais caros e implicam um uso muito menos eficiente de eletricidade renovável do que a eletrificação direta, devendo ser direcionados para outros modos de transporte como a aviação.
“O fim do motor de combustão é uma grande notícia para o clima e para a saúde. Mas novas propostas sobre combustíveis são um desvio”, alerta a Associação, apelando para que “não se perca mais tempo com combustíveis sintéticos, mas sim focarmo-nos na implementação da infraestrutura de carregamento, na requalificação dos trabalhadores para a transição elétrica e no fornecimento responsável de material para baterias”.
A ZERO pede ainda uma “transformação rápida da indústria automóvel portuguesa” no sentido de começar a “produzir veículos elétricos com urgência e esquecer de vez os enormes e pesados automóveis híbridos plug-in, ainda fomentados por uma fiscalidade inadequada no nosso país”.
Os governos da UE entrarão agora em negociações com o Parlamento Europeu sobre a lei final. A próxima presidência checa do Conselho da UE deve dar prioridade à obtenção de um acordo sem demora.
A ZERO lembra, no mesmo comunicado, que numa “manobra de antecipação” do Conselho de Ministros do Ambiente da União Europeia (UE), Portugal, a Itália, a Roménia, a Bulgária e a Eslováquia tomaram uma posição conjunta que “minava a votação favorável do Parlamento Europeu de impor um corte de 100% nas emissões de dióxido de carbono (CO2) de novos automóveis a partir de 2035 e gorar a ambição de proibir a venda de carros a combustão a partir de 2035, o que teria sido uma machadada no Pacto Ecológico Europeu”.
Texto publicado originalmente em Ambiente Magazine
Comentários