A disputa sobre o pagamento em rublos, deflagrada pelas sanções impostas à Rússia, levou o país a cortar os suprimentos para Polônia e Bulgária, o que acrescentou urgência aos esforços políticos pela redução da exposição a Moscou. Isso está levando as autoridades europeias a colocar de lado as preocupações ambientais relativas a novas perfurações para a exploração de combustíveis fósseis.
Os países europeus estão se apressando para reduzir a dependência da energia russa, sendo o gás o principal ponto de partida. Alemanha e Holanda, por exemplo, estão se movendo para começar uma nova exploração de gás no Mar do Norte com esta finalidade, informou a Bloomberg. As perfurações devem começar no final de 2024 para a exploração de depósitos submarinos de gás fóssil localizados 20 km ao norte das ilhas de Borkum e Schiermonnikoog.
Do outro lado do Atlântico, o Canadá está se tornando mais dependente do setor de combustíveis fósseis, apesar do Primeiro Ministro Justin Trudeau procurar fortalecer as políticas do país para a mudança climática. As exportações de petróleo e derivados, de gás natural e de carvão atingiram um recorde de US$13,6 bilhões em março. Os embarques totalizaram cerca de 150 bilhões de dólares canadenses durante os últimos 12 meses – outro recorde.
Internacionalmente, o aumento dos preços do petróleo devido à guerra na Ucrânia está garantindo lucros recordes às empresas petrolíferas em todo o mundo, e pesando no bolso dos consumidores. Em apenas três meses, a francesa TotalEnergies conquistou os mesmos números de um semestre inteiro de 2021. A gigante americana Chevron quadruplicou o seu lucro, a ExxonMobil dobrou e a Petrobras viu seu lucro subir mais de 3.700%. Como a Bloombergdestacou, as petroleiras estão priorizando os dividendos de seus acionistas na destinação desses lucros, e deixando de lado planos para expandir a produção de combustíveis fósseis no curto prazo – mais um sinal de que o setor não quer que o aperto dos consumidores passe tão cedo.
A publicação dos bons resultados do primeiro trimestre das petroleiras de todo o mundo acendeu em vários países o debate acerca da criação de um imposto excepcional sobre esses lucros para que as empresas contribuam mais para os serviços públicos dos países. A RFI trouxe o caso da Itália, que se atreveu a lançar um imposto temporário sobre as empresas de energia fóssil, com perspectivas de arrecadar cerca de US$ 4 bilhões. Dependendo dos desdobramentos da experiência italiana, a União Europeia já sinalizou interesse em uma proposta similar.
Fonte: Clima Info
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