Além do agro, outro queridinho presidencial são os garimpeiros. Estimulados por sua declarada preferência, eles têm avançado sem dó ou piedade sobre a Amazônia. Em Alter do Chão, a conta da tutela oficiosa do presidente pode ter chegado na forma de águas barrentas que assustaram turistas e profissionais do setor.
Embora não haja testes confirmando se tratar de lama do garimpo, a BBC Brasil traça todo o contexto da atividade no rio Tapajós para mostrar que a tese tem fundamento. Ao g1, a doutora em ciências biológicas, Dávia Talgatti, declarou que “questões ambientais que envolvem uso de solo ao redor do Tapajós, inclusive com mineração, desmatamento, tratamento de esgoto, têm influência nas mudanças do rio, a ponto de prejudicar o turismo no futuro”.
Tanto a BBC Brasil como o g1 citam pesquisas que confirmam a contaminação por mercúrio em Santarém, cidade próxima a Alter do Chão. N’A Pública, o destaque é um estudo confirmando a mesma contaminação em mulheres de Venezuela, Colômbia, Bolívia e Brasil. Se a pesquisa ajuda a ter noção da extensão do problema, a reportagem expõe o drama das comunidades, onde esposas de garimpeiros relataram a ocorrência frequente de abortos espontâneos, crianças com dificuldades respiratórias e doenças sem diagnósticos definido.
Para Edinho Batista Macuxi, coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima ouvido pela AP em mais uma matéria sobre a extração ilegal de ouro na Amazônia, o apoio presidencial também fomentou a invasão de garimpeiros na TI Raposa Serra do Sol, bem como a divisão dentro da própria comunidade indígena.
Em tempo: O apoio aos garimpeiros dado por Bolsonaro tem sido empreendido na Venezuela por Nicolás Maduro desde 2016, quando nosso presidente era apenas um deputado do baixo clero. A reportagem do Financial Times, publicada em Português pelo Valor, ouviu, entre outros, Francisco Dallmeier, venezuelano e diretor do Heart for Conservation and Sustainability do Smithsonian Conservation Biology Institute em Washington, para quem o que está ocorrendo pode ser classificado como “ecocídio”. Vale a pena conferir.
Fonte: ClimaInfo
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