O lobby militar em favor de negócios estrangeiros não se restringiu ao apoio nas negociações da Covaxin com o ministério da Saúde denunciadas na CPI da COVID. Segundo investigação d’A Pública reproduzida pelo UOL, o general da brigada do Exército, Cláudio Barroso Magno Filho, tem dado uma força ao grupo canadense Forbes & Manhattan – e às suas companhias associadas, a Belo Sun e Potássio do Brasil – que há anos tenta liberar os licenciamentos ambientais de suas operações de mineração no Amazonas e no Pará.
Segundo documentos obtidos pela Pública, desde 2019 os planos da Belo Sun caminham conforme o general Barroso se envolve. Graças à ajuda do militar-lobista, o grupo chegou até o vice-presidente, o general Hamilton Mourão, com quem tratou diretamente, em reuniões exclusivas em Brasília.
As vitórias do grupo começaram a aparecer no ano passado, quando o governo criou a Política Pró-Minerais Estratégicos e colocou a Belo Sun e a Potássio do Brasil entre as primeiras a serem contempladas.
As duas mineradoras canadenses batem de frente com assentados, indígenas e ribeirinhos no Amazonas e no Pará. No último trimestre de 2021, a União chegou a liberar áreas originalmente destinadas à reforma agrária para que o grupo instale um garimpo de ouro na Volta Grande do Xingu.
Segundo o material obtido pela Pública, até novembro de 2020 a Belo Sun tinha entre seus parceiros o Deutsche Bank, da Alemanha, o Royal Bank of Canada, o segundo maior acionista nessa mineradora de ouro, e o fundo de investimentos BlackRock, dos EUA, acusado por organizações indígenas de ameaçar a Amazônia e seus Povos.
Outra reportagem d’A Pública detalha como o Forbes & Manhattan fechou a compra de uma refinaria de xisto da Petrobras no sul do Paraná, mesmo após uma comissão interna da petroleira brasileira ter classificado como “desaconselháveis futuros contratos” com o Forbes & Manhattan.
Em tempo 1: A pauta ambiental é um ponto fraco de Bolsonaro e, por isso, está ganhando força entre os demais candidatos, que querem levar a Amazônia para o centro dos debates na disputa presidencial deste ano. A avaliação é d’O Globo, que entrevistou alguns dos responsáveis por desenvolver o tema nos projetos de governo dos candidatos e fez um apanhado do que os mais bem posicionados nas pesquisas já declararam. Como o próprio Globo destacou na edição de ontem (21/2), a troca no comando do ministério do meio ambiente não trouxe mudanças significativas. Isso evidencia que a atual política ambiental não é concebida no ministério, que apenas cumpre ordens. Por isso, seria de bom tom olhar para os três últimos anos, e não para eventuais promessas futuras, quando o assunto for o programa ambiental do “candidato” Bolsonaro.
Em tempo 2: A Audi, uma das maiores redes de supermercados da Alemanha, informa que a partir do verão europeu não mais comprará carne brasileira pelo risco de associação ao desmatamento. A empresa anunciou na sexta (18/2) que isso se aplica tanto a produtos congelados como a carnes frescas. A rede informou que no longo prazo também pretende rastrear a origem da carne processada em outros alimentos. De acordo com a empresa, os produtos de soja e dendê também serão analisados no médio prazo e produtos de países onde a floresta está sendo desmatada também devem ser retirados de linha. A notícia é do alemão t-online. O comunicado da Aldi pode ser lido aqui.
Fonte: ClimaInfo
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