Isolado do sistema elétrico nacional, Roraima convive há anos com problemas de energia, que se tornaram mais crônicos depois de 2019, quando a Venezuela interrompeu o fornecimento elétrico para o estado. Com isso, os consumidores tiveram que recorrer a fontes fósseis de energia, principalmente gás natural e diesel, para gerar a energia necessária. No entanto, o encarecimento recente desses combustíveis colocou o mercado local em uma arapuca: como produzir energia elétrica sem penalizar os consumidores?
A solução, ao menos no curto prazo, se desenha na fonte solar de energia. Como assinalado por Alexa Salomão e Lalo de Almeida na Folha, Roraima vive um boom de geração solar distribuída, com painéis fotovoltaicos espalhados nos mais diversos pontos de Boa Vista. Para os consumidores, é um investimento que vale a pena: além de garantir energia, aproveitando a radiação solar abundante da região equatorial, a tecnologia reduz substancialmente a demanda por combustíveis fósseis e, consequentemente, o impacto financeiro de seu encarecimento.
A energia solar também está dando as caras na ilha de Marajó, no Pará. Como em outras regiões isoladas do país, energia elétrica é um luxo que nem todos os moradores possuem. “É muito difícil viver no escuro e sem uma geladeira. Se caçar, mesmo salgando, a carne não dura muito. Se bater um açaí, precisa comer hoje, porque amanhã vai estar azedo”, disse a dona-de-casa Ocilene Costa Cavalcanti, moradora de Melgaço, à Folha. Ela é uma das beneficiárias do programa Mais Luz para a Amazônia, iniciativa do governo federal que incentiva distribuidoras de energia nos estados amazônicos a expandir o acesso à energia para comunidades afastadas da rede nacional. “Contei os dias para essa placa [fotovoltaica] chegar aqui”.
Em tempo 1: Um mapeamento do Portal Solar mostrou que os investimentos privados em sistemas de geração própria de energia solar em telhados e pequenos terrenos cresceram 51,4% no Brasil em 2022, saltando de R$ 42 bilhões em janeiro para R$ 64,6 bi no final de agosto. Por conta disso, a geração própria de energia solar cresceu de 8,4 GW de potência instalada para 12 GW, alta de 42,8%.
Em tempo 2: O Valor destacou a divisão dentro do setor elétrico sobre a decisão da Câmara dos Deputados de prorrogar por mais 24 meses o prazo para entrada em operação de projetos de fontes renováveis com desconto nas tarifas de transmissão (TUST) e distribuição (TUSD). Para os defensores da medida, ela equilibra “desarranjos conjunturais” enfrentados pelo setor nos últimos meses, motivados principalmente pela retomada pós-pandêmica e a inflação global.
Já seus críticos pontuam que a maneira como ela foi feita – por meio de um “jabuti” inserido em uma medida provisória sobre impostos para combustíveis – reduz a credibilidade do Congresso Nacional no tema, além de impor a todos os consumidores brasileiros um custo adicional de até R$ 8 bilhões para financiar esses benefícios.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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