Já que estamos vivendo uma emergência climática, que tal priorizar medidas que gerem resultado no curto prazo? Reduzir as emissões de metano, por exemplo. Metade do aumento da temperatura do planeta já observado hoje se deve às emissões desse gás, que é 28 vezes mais potente que o CO2.
Só que ele tem uma meia-vida mais curta, de menos de 20 anos (contra mais de cem do carbono). Isso faz com que a redução das suas emissões possa ter um efeito mais rápido na contenção do aquecimento global.
O Brasil poderia ter um papel relevante nessa estratégia, já que é o quinto maior emissor de metano do mundo, com 5,5% das emissões globais do gás. A boa notícia é que isso é possível: o pessoal do Observatório do Clima se debruçou sobre os cálculos do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa) e descobriu que o Brasil poderia reduzir emissões de metano em 36% até 2030. Se nada fizer, contudo, rumamos para um aumento de 7% nas emissões desse gás.
Como mais da metade (11,5 milhões) das 21,7 milhões de toneladas de metano emitidas em 2020 vieram do arroto do boi, os maiores potenciais de redução estão na pecuária. Existe até um plano para isso, o ABC, implantado em 2020. Mas ele tem recebido só 2% do crédito rural. E olha que estamos falando de técnicas que favorecem a produtividade! Por exemplo, um manejo melhor da pastagem melhora a digestão, reduz emissões e faz com que o animal engorde mais rápido, acelerando o abate.
“Hoje não deveria haver mais incentivo para a pecuária que não fosse de baixo carbono. Todo o financiamento público deveria ir para isso. Porque não se perde com a prática de baixo carbono. São todas medidas com cobenefícios claros, de aumento da produção”, disse Tasso Azevedo, coordenador do SEEG, à Folha. Estadão, Valor e g1 também repercutiram o relatório.
Emissões de metano em oito anos
A partir destes dados, o OC propõe que o Brasil leve aos fóruns globais a meta de cortar 36% de suas emissões de metano em oito anos, demonstrando mais ambição. Perdão pelo trocadilho, mas isso poderia dar um gás nas negociações da COP27, que começam daqui a três semanas.
Em tempo: O BNP Paribas, um dos maiores bancos de origem francesa, foi notificado ontem (17) por apoiar financeiramente a Marfrig. Motivo: a gigante brasileira, que é uma das líderes mundiais na produção de carne , tem envolvimento em casos de trabalho escravo e destruição ambiental, inclusive em Terras Indígenas. Liderada pela ONG francesa Notre Affaire à Tous e pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), a ação contra o banco se apoia no Código Comercial francês, que prevê que é responsabilidade das empresas evitar violações socioambientais em suas atividades. A notícia é da Repórter Brasil e também repercutiu no Neomondo.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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